quarta-feira, abril 17, 2013

SORRISO FRANCO

Amigos são todos iguais, se você for pobre. Pensando bem, se você for rico também. Acreditas na amizade?
 

   Favores? Não peça. Muito menos os faça. Em qualquer dos casos, você vai se machucar. O máximo a pedir ou fazer é uma ‘pequena’ gentileza. Se for seu costume ler as coisas apressadamente, vou deixar bem claro: Eu disse apenas ‘pequenas gentilezas’, daquelas que até um estranho pode fazer para outro.
   Você não faz ideia do estrago que um pedido de um grande favor pode fazer a uma grande amizade.  Não, eu não estou brincando nem exagerando. Mas o que vem a ser ‘um grande favor’? Pode ser muitas coisas que impliquem em um sacrifício emocional ou material por parte do solicitado.
 
   Pegando um atalho, falo do mais comum e sensível dos favores: Dinheiro emprestado. Outro é dar emprego a um amigo. Nem preciso dizer que pedir a mulher do amigo por empréstimo pode acabar imediatamente com a amizade, além da imensa probabilidade de ser fatal - para quem pede, é óbvio. Neste último caso, pode até ser que você – sem perceber – dê início a uma trilogia amorosa. Ou entre pelo cano, caso seu amigo esteja muito satisfeito e não aceite a devolução do que para você foi um empréstimo e para ele uma doação.
 
   Se você tiver um amigo rico, pelo menos comparando a você, tire da cabeça a ideia de pedir dinheiro a ele. Caso não tenha notado, todas as guerras da humanidade aconteceram por causa do dinheiro. Basta transportar uma guerra entre países para uma situação “micro” e teremos uma feroz batalha.
   E não me venha com o argumento de que a rainha Helena, mulher do rei Menelau, causou a guerra de Tróia por amor; ele nem ligava para ela. O verdadeiro motivo da briga foi que Tróia era rica e inexpugnável, e Menelau (e sua turma) estava faz tempo querendo invadi-la. Helena foi só um pretexto para mobilizar todos os reis gregos. O resto, se você não for ignorante, já deve saber. Honra ferida não existe, só serve como desculpa.
 
   Voltando ao dinheiro – não importa se é muito ou pouco -, se você for um idiota e pedir ao seu amigo, observe atentamente: em primeiro lugar, o sorriso dele vai esmaecer lentamente; ele irá engolir em seco. Você não sabia que seu amigo era gago? Pois chegou a hora de saber. Antes de responder ao seu pedido, ele terá que digerir o mal estar e o desconforto que está sentindo.
   Bem, as desculpas são infinitas; sacando a primeira que lhe vier à cabeça, seu amigo dispara, mesmo sem mirar. O tiro pode até não ser mortal, mas a amizade nunca mais será a mesma. É um momento crítico, em que tanto quem pede como quem nega não quer dar o braço a torcer. O pedinte finge que acredita na desculpa, e o ‘amigão’ que negou finge que acredita que ele acreditou. Não é simples?
 
   O sorriso franco e aberto que só grandes amigos se permitem? Esse nunca mais será visto por nenhuma das partes envolvidas. 

 

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