domingo, abril 28, 2013

MELHOR DAR NOMES AOS BOIS

Há palavras que podem ser usadas em mais de um sentido. São palavras ambíguas. Será que o menininho da foto sabe o que é coligação?
 
                     A IMPORTÂNCIA DE UM NOME
                                            (Entendendo o bullying)
                                        
    Dar um nome a algo ou a alguém é mais importante do que se pensa. O nome nos posiciona na direção certa, e nossa mente muda de estratégia de acordo com a identificação que fazemos. Os arquivos de nomes que guardamos no cérebro logo encontram as referências – positivas ou negativas – que determinam nosso estado de alerta.
    Daí que se estamos indo em direção a uma ‘favela’ (que é muito diferente de comunidade), ficamos tensos e nossa mente avisa dos perigos que poderemos ou não correr. A palavra ‘blitz’ também causa preocupação: serão policiais de verdade ou bandidos uniformizados? Isso todo mundo já sabe, mas como reagiremos ao que não tem nome? Nesses casos, ficamos totalmente indefesos e sem noção do que nos espera. Nosso cérebro não produz um comportamento adequado para o que vem pela frente.
 
    O que fazer com coisas e ocorrências repetidas que ninguém se lembrou de dar um nome ou apelido? Nada, ou quase nada. Não podemos nos prevenir contra o desconhecido. Uma ventania não nos dá muita noção do que vem por aí, ao passo que um ‘tornado’ significa que corremos risco de perder a vida, e precisamos nos proteger, obedecendo a regras planejadas, arquivadas no cérebro, para minimizar a catástrofe.
 
    Recentemente os homens batizaram de ‘bullying’ um tipo de perseguição que pode ocorrer em qualquer lugar – mas que é mais danoso quando perpetrado contra crianças em idade escolar, ante o olhar indiferente de quem deveria tomar uma atitude. Se você pensou no corpo docente – e indiferente - das escolas, pensou certo.  O mal é antigo, mas nunca foi sequer notado e muito menos combatido. Não antes de receber o nome ‘bullying’.
     E os pais, o que fazem? Na maioria das vezes nada. Nada ocorre na presença deles, e quase nunca estão atentos o suficiente para perceber que algo não vai bem. Mas o que causa tanta desatenção dos pais e professores? Estes – como um juiz de futebol que apita um jogo difícil e quer mais é que termine a partida enquanto não há mortos nem feridos -, esperam ansiosamente o fim das aulas com a “certeza” do dever cumprido. De resto, não vêem, não ouvem e não sabem de nada. Os pais, que sempre usam a mesma desculpa do “eu não sabia”, nem percebem que são responsáveis pelo sofrimento dos filhos, por total omissão.
 
    Mas qual é a culpa dos pais, se eles não estão presentes quando o bullying ocorre, e o filho nada conta? Se o filho não conta que está sofrendo, é porque não confia nos pais, cuja obrigação é protegê-los. Mas não confia por quê? Uma criança não se ‘fecha’ de forma planejada. Ou ela sente apoio ou não sente. Há pais que reagem de forma negativa ante uma tímida queixa de um filho, e ainda respondem que é mentira ou exagero. Afinal, os professores estão na escola para ver tudo o que acontece de bom ou de ruim. Ledo engano.
    Conheci um pai que, ao ver o filho chorando por ter apanhado na escola, falou-lhe com rispidez: “Se voltares da escola chorando novamente, vais apanhar aqui em casa. Tens que reagir como homem; bateu em você, revide; se ele for maior, jogue uma pedra nele”. Como esse, existe uma infinidade de pais e mães que ensinam errado, dão maus exemplos, e morrem sem entender o motivo de ter um filho desajustado.
 
    O pior tipo de bullying é o moral, que obriga a vítima a viver na defensiva, na expectativa da humilhação, destruindo o amor próprio e a auto estima da criança, certamente impedindo que ela tenha uma vida escolar normal. O bullying que humilha pode significar o sepultamento da perspectiva de uma criança.
    Antigamente, quando essa monstruosidade não tinha nome, ninguém pensava em evitar e muito menos combater. Após ter sido batizado, passamos a reconhecer um problema que sempre existiu; sem o ‘nome’, não era levado a sério. Esse fenômeno foi explicado, demonstrado e provado no livro “O Pequeno Príncipe”.  

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