Em alguns anos, papais levarão seus filhos ao museu, para as crianças entenderem o que significava a extinta empregada doméstica.
NOVA LEI, NOVAS EMPREGADAS?
Como eu sempre digo, toda moeda tem dois
lados, o positivo e o negativo. Vive melhor quem consegue minimizar o negativo,
criando paliativos que compensem, em parte, seus efeitos.
Para começo de conversa, essa lei jamais
será cumprida na sua integralidade, o que não quer dizer que não seja uma boa
lei. Era necessária e ponto. Nem adiante discutir. Veio para ficar. No entanto,
convenhamos que nem as leis trabalhistas solidificadas pelo tempo são cumpridas
fielmente. Patrões e empregados sempre foram – e serão – adversários. Há que
haver certo equilíbrio de forças para que não se tornem inimigos. São relações
de interesses conflitantes, onde cada parte puxa a corda para o seu lado.
Mas, repito, era preciso legislar sobre essa
troca de dinheiro por serviços domésticos, onde sempre alguém levava vantagem –
nem sempre com honestidade, é bom frisar. Creio que as empregadas continuarão
com sua habitual hostilidade, geralmente dissimulada, misto de inveja e revolta
contra o que muitas consideram uma posição humilhante. Não deixam de ter razão,
o que não significa que o patrão seja culpado. Não vou escrever um tratado
sobre o tema, mas analisar superficialmente algumas situações que sempre
aconteceram e vão continuar acontecendo.
O assunto é delicado, pois empregadas muitas
vezes assumem a função de governantas, muitas como gestoras de si mesmas e das
coisas e pessoas da casa. Nesses casos, quase nunca recebem o justo.
Algumas, eu conheci diversas, eram pecadoras
que não cumpriam o sétimo mandamento. Em certos casos, patrões que no seu
íntimo sabiam que eram ‘exploradores’, eram também cúmplices secretos dos
pequenos furtos perpetrados por suas ‘assistentes’; uma lata de leite aqui,
dois bifes e um pouco de açúcar acolá, sempre um fingindo que não fazia e o
outro fingindo que não via. Uma grande quantidade entrava na casa para roubar –
incluo aí as faxineiras.
Para que a nova lei seja cumprida da melhor
maneira, é necessário que os dois lados primeiramente habituem-se às novas
regras, e isso leva tempo, muito tempo.
Conheci a cozinheira de um milionário que,
após alguns anos de serviço, possuía uma vila de casas. Roubava apenas
mantimentos, comprados em caixas fechadas e ela administrava o estoque.
Acredito que ele sabia, mas não se importava. Era ocupado e gostava de comer
bem. A mulher dele? Vivia ocupadíssima jogando baralho na casa das amigas ou
viajando.
O problema maior vai ser a ‘demissão por
justa causa’, quase impossível de ser provada. Nesses casos, a legislação
poderia ser mais sábia e encontrar meios mais simples de resolver a pendenga.
Isso é possível. Numa empresa o problema existe, mas é menor. Numa família, é
difícil ‘dormir com a inimiga’.
Essa situação saiu da infância e entrou na
adolescência, que é o momento mais difícil de uma relação. Daqui a alguns anos,
seremos todos adultos.
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