quarta-feira, abril 10, 2013

DOMÉSTICAS NO MUSEU

Em alguns anos, papais levarão seus filhos ao museu, para as crianças entenderem o que significava a extinta empregada doméstica.
 
   NOVA LEI, NOVAS EMPREGADAS?
 
   Como eu sempre digo, toda moeda tem dois lados, o positivo e o negativo. Vive melhor quem consegue minimizar o negativo, criando paliativos que compensem, em parte, seus efeitos.
 
   Para começo de conversa, essa lei jamais será cumprida na sua integralidade, o que não quer dizer que não seja uma boa lei. Era necessária e ponto. Nem adiante discutir. Veio para ficar. No entanto, convenhamos que nem as leis trabalhistas solidificadas pelo tempo são cumpridas fielmente. Patrões e empregados sempre foram – e serão – adversários. Há que haver certo equilíbrio de forças para que não se tornem inimigos. São relações de interesses conflitantes, onde cada parte puxa a corda para o seu lado.
 
   Mas, repito, era preciso legislar sobre essa troca de dinheiro por serviços domésticos, onde sempre alguém levava vantagem – nem sempre com honestidade, é bom frisar. Creio que as empregadas continuarão com sua habitual hostilidade, geralmente dissimulada, misto de inveja e revolta contra o que muitas consideram uma posição humilhante. Não deixam de ter razão, o que não significa que o patrão seja culpado. Não vou escrever um tratado sobre o tema, mas analisar superficialmente algumas situações que sempre aconteceram e vão continuar acontecendo.
 
   O assunto é delicado, pois empregadas muitas vezes assumem a função de governantas, muitas como gestoras de si mesmas e das coisas e pessoas da casa. Nesses casos, quase nunca recebem o justo.
 
   Algumas, eu conheci diversas, eram pecadoras que não cumpriam o sétimo mandamento. Em certos casos, patrões que no seu íntimo sabiam que eram ‘exploradores’, eram também cúmplices secretos dos pequenos furtos perpetrados por suas ‘assistentes’; uma lata de leite aqui, dois bifes e um pouco de açúcar acolá, sempre um fingindo que não fazia e o outro fingindo que não via. Uma grande quantidade entrava na casa para roubar – incluo aí as faxineiras.
 
   Para que a nova lei seja cumprida da melhor maneira, é necessário que os dois lados primeiramente habituem-se às novas regras, e isso leva tempo, muito tempo.
 
   Conheci a cozinheira de um milionário que, após alguns anos de serviço, possuía uma vila de casas. Roubava apenas mantimentos, comprados em caixas fechadas e ela administrava o estoque. Acredito que ele sabia, mas não se importava. Era ocupado e gostava de comer bem. A mulher dele? Vivia ocupadíssima jogando baralho na casa das amigas ou viajando.
 
   O problema maior vai ser a ‘demissão por justa causa’, quase impossível de ser provada. Nesses casos, a legislação poderia ser mais sábia e encontrar meios mais simples de resolver a pendenga. Isso é possível. Numa empresa o problema existe, mas é menor. Numa família, é difícil ‘dormir com a inimiga’.
   Essa situação saiu da infância e entrou na adolescência, que é o momento mais difícil de uma relação. Daqui a alguns anos, seremos todos adultos.

 

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