sábado, abril 06, 2013

SÓ OS DESOCUPADOS PENSAM

A sabedoria das crianças e dos bichos deveria ser imitada pelos adultos. Eu costumo agir como o bichano da foto.


   ANOTAÇÕES DE UM DESOCUPADO
 
   Um desocupado é um incompreendido. Algumas vezes, muito tempo depois, desocupados são lembrados como grandes pensadores, mestres filósofos.  Mas então, há algo de errado no entendimento de quem é desocupado. Não me considero um filósofo excepcional, porque a verdade é que todos os humanos filosofam um pouco. Mas tornei-me, faz pouco tempo, um pensador organizado – que tenta dar forma a seus pensamentos.
 
   Se observarmos, todas as mudanças de comportamento demoram a ser aceitas. Como já falei anteriormente, mudar de hábito é um esforço muito grande para nossa espécie, preguiçosa por natureza.
   Hoje entendo muitas coisas que a vida cedo me ensinou, mas que eu não compreendia. Revoluções custam a amadurecer, e isso podemos ver nos acontecimentos no mundo árabe, nas Igrejas Cristãs, e em nós mesmos. Abraçar uma causa nova significa olhar para um futuro ainda distante. É ter coragem para romper com o passado arcaico e sem sentido, ou, como disse Nietzsche, ter “Uma nova consciência para as verdades que até então permaneceram mudas”.
 
   Vejo hoje o Racismo e o Preconceito por uma ótica diferente. A humanidade nunca (pelo menos não através de leis) conseguirá eliminar esses dois pobres condenados injustamente. Meu pensamento baseia-se num único argumento: A evolução é lenta, como nos mostrou Darwin; muitas vezes leva milhões ou bilhões de anos; mudar nossa programação mental é demorado, e sempre dolorido.
   Vai demorar uma eternidade para que o Preconceito seja varrido; ele é apenas o reflexo futuro de algo por que passamos ou assistimos no passado.
   O Racismo é um sentimento natural do homem que tenta se proteger dos ‘diferentes’ – isso vem do tempo das cavernas. A única coisa que podemos fazer para diminuir seu impacto é torná-lo não agressivo; afinal não estamos mais na idade da pedra, não seremos agredidos fisicamente pelos diferentes. Bem, reconheço que alguns seres mal formados ainda acreditam nos métodos antigos. Estes são jurássicos como o crocodilo.
 
   Um exemplo disso é a insistência de muitos em acreditar que existe um Deus que nos protege e guia. Essa crença na divindade nada mais é do que a demonstração da nossa fraqueza, da nossa impotência que busca abrigo no desconhecido.
   É necessária alguma cultura, algum conhecimento, e muita reflexão para não cair na tentação de tentar aparecer. Este problema é também atávico. Queremos ser os melhores, como se a alegria de viver pudesse ser buscada fora de nós mesmos. Temos que aprender a extrair da nossa mente a realização buscada; isso pode se dar de várias formas, principalmente em pequenas coisas que não costumamos valorizar.

 

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