Amor é desencontro. Ela só quer porque ele não quer. Se a impunidade não fosse privilégio dos políticos e dos muito ricos, haveria muito mais crimes passionais.
O amor é um assunto complexo. Cada pessoa se
julga especialista no assunto. O conjunto de ideias que uma pessoa tem sobre o
amor jamais combinará 100% com o que qualquer outra pessoa do mundo tenha. Daí
que discutir o assunto é perda de tempo. Até por que nossas convicções mudam
com o tempo, com as experiências que vivemos. Raciocine comigo: se você mesmo
já entendeu o amor de várias maneiras, conforme sua idade e vivência, quem pode
garantir que seu entendimento do assunto não vai sofrer mudanças, muitas vezes
radicais?
Mas eu posso falar do assunto sem muito medo
de errar; é que já estou no fim da vida – o que em absoluto não significa que
os velhos sejam entendidos no assunto. Assim mesmo, sou suspeito de estar
cometendo equívocos.
Outro dia contei uma piada que, no final,
continha a seguinte afirmação: “Amor é uma invenção dos pobres para comer você
de graça”. Isso merece uma reflexão. Antigamente as pessoas casavam para fazer
sexo, já que não era muito fácil comer qualquer namoradinha. Se antigamente
fosse como é hoje, quando se ‘transa’ antes mesmo de namorar, muitos dos nossos
pais e avós não teriam casado. Pelo menos não um com o outro.
Quero fazer uma pergunta ao meu leitor: Você
casaria sem sentir tesão? Nem precisa responder, eu sei que você vai dizer que
não. Então... Você não casa por amor, e sim por desejo de fazer sexo. Na melhor
hipótese, para agradar quem acredita no amor, posso afirmar que sexo e amor são
irmãos siameses. É bom lembrar que o desejo diminui com o tempo, até se extinguir
totalmente. Quando esse dia chega, os casamentos acabam, a menos que outros
interesses sobrevivam mais tempo.
Danuza Leão tem uma frase que se encaixa bem
no que digo: “O que conserva o amor em altíssima temperatura é a incerteza, é a
dúvida”. Pelo menos é assim da juventude até a meia-idade. Explicando melhor: a
insegurança afetiva é a única maneira de manter o amor por mais tempo. Nesse
caso, amor e sexo são a mesma coisa. Qualquer mulher que não seja idiota,
casada há muito tempo, sabe perfeitamente que seu companheiro não sente ciúme
de verdade; o problema dele é o receio de ser corno, uma bobagem que não vai
existir no futuro.
Conclusão: o amor é um disfarce usado pelo
desejo, com a única finalidade da conquista. Antes que eu esqueça, devo dizer
que é muito comum o interesse usar o mesmo disfarce. Duro é admitir tudo isso.
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