quinta-feira, março 10, 2016


     

 A VOLTA DO CAPETA TRISTE

  Voltei contra a vontade, contrariado, desiludido. Sou infeliz como você, leitor que vive no Brasil. Pior do que aqui, só o Haití, a Síria, a Líbia, a Venezuela, e alguns países africanos. Sem exagerar, afirmo que poucos lugares neste planeta permitem que alguém seja feliz.

  Mas a culpa não é do planeta, é dos homens que o habitam. A pressa geral acabou com a paciência. Violência, racismo (que não sei bem o que é), cultura e tradições de um povo – inclua-se aí as religiões, são fatores determinantes para esse total desencontro de ideias.

  Você deve se perguntar: de onde o Capeta voltou, e voltou para quê? Voltei do inferno, que não é tão ruim como dizem. Voltei para terminar meus estudos sobre a raça humana. Na primeira temporada, aprendi muito pouco e fui reprovado. A falta de coerência do raciocínio dos homens é total. Ninguém se entende com ninguém.
  Quando Nelson Rodrigues ainda era vivo (nesse tempo ainda havia esperança na humanidade), decretou: “Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo”. Era o começo da atual fase em que vivemos, quando o nosso instinto animal fala mais alto do que o bom senso. Mas qual a diferença entre bem e mal? O que é bom para alguns, é mal para muitos – sempre.

  Seres humanos podem ser ‘aparentemente’ iguais, mas as semelhanças são ilusórias. Cada homem traz, dentro de si, um gigantesco universo de combinações únicas, visíveis ou não. Se somos únicos, como podemos nos comparar a quem quer que seja? Podemos até fazer as mesmas coisas, mas com pretensões diferentes. O cérebro humano é muito complexo – estamos longe de compreendê-lo, se é que um dia chegaremos lá.

  A partir de hoje, tentarei passar para meus leitores minhas observações sobre o que é viver neste mundo; sim, pois acredito na possibilidade de vida em outros planetas – vida inteligente. Minha revolta é ter sido mandado para a Terra, onde a honestidade morreu faz tempo. Todos clamam por franqueza, honestidade e decência, qualidades eleitas como as melhores, mas que ninguém pratica sem segundas intenções.


  Deu para entender minha tristeza?