terça-feira, abril 16, 2013

DEVEMOS SABER A HORA DE PARTIR

Gosto de ser velho, mas não quero ser tão velho como o Matusalém da foto ao lado. Apenas os velhos  'amadurecidos' conseguem mudar o próprio passado, através da compreensão.
 

   VELHICE ALONGADA

 
   Eu não queria voltar a ser jovem. Estou sendo sincero. Coisas maravilhosas acontecem na juventude, mas nós não estamos amadurecidos para apreciá-las. É um tempo em que tudo passa muito depressa, nem conseguimos ver. O problema da pouca idade é que somos muito afoitos, pensando num prazer futuro em detrimento do momento. Talvez a frase certa seja que ‘não sabemos ainda extrair e saborear as boas coisas da vida’.
 
  Não gostaria de ser jovem hoje. Teria perdido coisas imperdíveis, como a boa música brasileira e os grandes festivais da Record. Teria perdido o direito de sonhar – jovem hoje em dia não sonha, apenas aspira. Não escolhe profissão, escolhe o que dá dinheiro. Era ridículo o romantismo de então? Podia ser, mas era emocionante. As amizades conquistadas dos 15 aos 25 anos eram, podemos dizer, mais duradouras. Neste novo milênio, não existe amizade, nem camaradagem. Existem, sim, segundas, terceiras e quartas intenções, todas com o único objetivo de tirar proveito. É claro que fomos contaminados pelos novos tempos. Não poderia ser diferente. Mas pelo menos guardamos na lembrança uma época em que tudo começou. Até na maldade encontrava-se um resquício de inocência, talvez ingenuidade.
 
   Não pense que acho os novos tempos de todo ruins. A liberdade sexual, mesmo não sendo bem aproveitada, é muito bem vinda. A tecnologia, se por um lado apressa as coisas, por outro facilita nosso dia a dia. Neste século, estamos aprendendo a conviver com as minorias, com pessoas ‘diferentes’, o que é enriquecedor. Os mais jovens desfrutam de uma liberdade conquistada com sacrifícios e lutas contra tudo que nos oprimia, lutas que os ‘velhos’ lutaram e venceram.
 
   Nada é perfeito. Sempre haverá dois lados em cada moeda. Eu não saberia escolher em que tempo gostaria de ter nascido. Se por um lado não aceito a simples ideia de perder tudo que vivi, convivi e assisti, por outro não consigo viver sem a modernidade, os computadores e todos os tipos de comunicação surgidos. Fazer sexo é melhor hoje, mas o amor ainda faz falta. Ele vai ressurgir sob novas ‘regras’, outro enfoque, outra realidade que ainda hesitamos em aceitar e definir.
 
   Se eu pudesse escolher, teria nascido quando nasci, mas gostaria de ter minha velhice “estendida”. Gostaria de ver como será o mundo em 15 anos. Haverá engarrafamentos? Voltaremos a sentir como antes da idade média, época em que o amor e o romantismo não existiam? Tudo era muito prático e o objetivo era conquistar – qualquer coisa, principalmente o poder e o dinheiro.   O amor é uma emoção moderna, que tende a desaparecer. Ele não existe mais. A paixão é que vale e norteia nossas decisões. Pensando bem, paixão é uma forma de amor, com tempo de validade previsto. Paixão é o amor contemporâneo.

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