ATORMENTADOS
Não lembro o ano,
mas lembro de quando começou essa história de “Você tem que primeiro amar você
mesmo”. A maioria não sabia sequer o significado dessas palavras, mas alguém
achou uma ideia inteligente e todos passaram a repetir tal qual papagaio. Gostar de nós mesmos não significa nada além
de ‘ser normal’. Podemos até sofrer por acreditar que ninguém gosta da gente,
mas nós?, nós nos amamos.
Depois dessa
maldita frase incompreendida, passamos a exercitar nosso egoísmo
voluntariamente, atribuindo esse sentimento negativo (quando em altas dosagens)
à filosofia do “Ame-se em primeiro lugar”. Ser egoísta deixou de pesar na
consciência. Virou qualidade justificada por psicólogos que falam demais e
pensam de menos. Somos todos idiotas – procure no dicionário e escolha qual seu
tipo de idiotia. Os psicólogos são pretensiosos que tentam se expressar como
filósofos para melhor impressionar e mostrar erudição.
Entretanto, alguma
coisa precisava ser feita para que nossa autoestima inflasse. Veio a fase do
“Eu me acho” e do “ele se acha”. As crianças, estimuladas pelos adultos,
começaram a ‘se achar’. Era comum ouvir essa turma dizer “Eu sou demais”. Dava
enjoo. Continua dando. Seria o caso de perguntar-lhes: Demais o quê,
cara-pálida?
Esse foi o caminho
‘pobre’ que os pais descobriram para que os filhos se sentissem melhores do que
são. Uma coisa traz a outra, e a autoestima exagerada trouxe a vaidade – uma
das formas de se demonstrar que somos imbecis. O resultado é que estamos diante
de uma geração de egoístas e mal educados, que não respeitam ninguém, acham que
sabem tudo, e vivem de mau humor e atormentados. Sim, atormentados por não
saber amar – exceto a si próprios.
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