terça-feira, julho 10, 2012

EVOLUÇÃO DAS ARIRANHAS


Hoje elas são assim, como na foto da esquerda. Há cem anos, eram como a da foto da direita. O penteado foi o que mais mudou. Os serviços prestados são os mesmos.




AS PUTAS DE ANTIGAMENTE



                                                                                           

   “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”. Essa verdade foi dita pensando apenas na matéria. No entanto, isso se aplica também ao comportamento humano. Putas sempre existiram, e nunca vão deixar de existir – felizmente -, mas elas hoje são diferentes. Em homenagem aos mais jovens, vou explicar que as putas de antigamente tinham o salutar hábito de sentir prazer. Alguém está duvidando? Pois pode acreditar. Um cínico diria que elas eram ‘meio’ profissionais. É que, na sua grande maioria moças do interior, vinham para as cidades com a intenção de arrumar um marido. Como não era muito fácil – maridos já eram raros há 40 ou 50 anos -, saíam com garotões ricos e se apaixonavam. Esses felizardos nada pagavam pelo prazer que lhes era concedido. Os velhos é que pagavam.


   Algumas deram sorte, descolaram um rico fazendeiro ou ‘doutor’, e mudaram de classe social. As putas sempre foram bem aceitas na alta sociedade, desde que seus maridos possuíssem uma situação financeira boa. Isso não mudou até hoje. Foi no sudeste que essas jovens começaram a se profissionalizar. Passou a valer a lei do interesse imediato. O Rio de Janeiro, que além da tanga, do fio-dental e outras modas, exportou a puta como a conhecemos nos dias atuais. Sem sentimentos, sem emoções – quando estão trabalhando. Adotaram a filosofia segundo a qual não se mistura trabalho e prazer. Aí a coisa complicou. Para consolo dos saudosistas, talvez existam ainda putas como as de antigamente: 1 ou 2% delas. Por incrível que possa parecer, essa minoria tão minoritária geralmente se dá bem. Exemplos? Bem, algumas, que não assumem, não podem ser citadas – apesar de todo mundo saber do que vivem. Outras, como a Bruna Surfistinha, que adora o seu trabalho, se deram bem. Ficaram ricas e arranjaram marido. Quem duvida do sucesso de quem gosta do que faz?


   A puta à moda antiga topava quase tudo. Beijava na boca, chupava o ‘canudo’, e fazia – dependendo do cliente – sexo anal. Antes que eu esqueça: não cobravam por hora, tipo advogado americano. Como antigamente havia menos putas do que hoje, os atuais preços inflacionados contrariam um pouco a lei da oferta e da procura. É resultado da profissionalização da categoria, que conta inclusive com associações de classe. Hoje você pode encontrar essas garotas atuando em atividades as mais diversas. A menina que vinha do interior tentar a sorte na cidade grande – que continua existindo - cedeu espaço a estudantes universitárias e muitas outras, inconformadas com a situação financeira da família.


   O pior dessas mudanças é que elas não gostam de beijar na boca; o sexo anal pode até ser incluído nos serviços prestados, desde você pague 50 ou 100% acima da tabela; algumas, sequer dão aqueles gemidos que tanto agradam aos homens – nem para disfarçar. Os serviços estão profissionalizados demais: ‘boquete’ custa xis, ‘normal’ 2 xis, e, completinho, 3 xis. Brevemente elas vão estar munidas de uma tabela de preços impressa, em que cada ‘concessão’ tem um valor diferenciado. No final, o cliente marcará com um 'xis' o que deseja fazer e a moça, conforme a tabela, somará cada item numa calculadora de bolso, até chegar ao preço final.


   Ruim mesmo é ter que usar camisinha. Os garotos deste século não sabem como era bom o contato direto entre o pinto e a periquita. Eles são a geração dos ‘paus encapados’. Não tiveram o prazer de conhecer os cabarés com suas lâmpadas vermelhas, verdes ou azuis, onde as garotas faziam até bailes de debutantes. Alguns promoviam sorteios em que o vencedor escolhia a mulher – sem ter que pagar nada. No marketing atual, isso receberia o nome de Processo de Fidelização do Cliente. Nos cabarés as meninas eram residentes, e cada uma tinha o seu quarto, personalizado. Neles, não havia nada além de um armário pequeno (elas quase não usavam roupa), uma cômoda/penteadeira, a mesinha-de-cabeceira, um radinho e, é claro, a cama. Nada de televisão. Pra quê TV? Quem nasceu depois dos anos 80 não têm a menor idéia do que estou falando. É pena. Sair com putas era uma alegria, um real prazer. Triste é saber que esse tempo não volta mais.




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