AS PUTAS DE ANTIGAMENTE
“Na natureza nada se perde, tudo se transforma”. Essa verdade
foi dita pensando apenas na matéria. No entanto, isso se aplica também ao
comportamento humano. Putas sempre existiram, e nunca vão deixar de existir –
felizmente -, mas elas hoje são diferentes. Em homenagem aos mais jovens, vou
explicar que as putas de antigamente tinham o salutar hábito de sentir prazer.
Alguém está duvidando? Pois pode acreditar. Um cínico diria que elas eram ‘meio’
profissionais. É que, na sua grande maioria moças do interior, vinham para as
cidades com a intenção de arrumar um marido. Como não era muito fácil – maridos
já eram raros há 40 ou 50 anos -, saíam com garotões ricos e se apaixonavam.
Esses felizardos nada pagavam pelo prazer que lhes era concedido. Os velhos é
que pagavam.
Algumas deram sorte, descolaram um rico fazendeiro ou ‘doutor’,
e mudaram de classe social. As putas
sempre foram bem aceitas na alta sociedade, desde que seus maridos possuíssem
uma situação financeira boa. Isso não mudou até hoje. Foi no sudeste que
essas jovens começaram a se profissionalizar. Passou a valer a lei do interesse
imediato. O Rio de Janeiro, que além da tanga, do fio-dental e outras modas,
exportou a puta como a conhecemos nos dias atuais. Sem sentimentos, sem emoções
– quando estão trabalhando. Adotaram a filosofia segundo a qual não se mistura
trabalho e prazer. Aí a coisa complicou. Para consolo dos saudosistas, talvez
existam ainda putas como as de antigamente: 1 ou 2% delas. Por incrível que
possa parecer, essa minoria tão minoritária geralmente se dá bem. Exemplos?
Bem, algumas, que não assumem, não podem ser citadas – apesar de todo mundo
saber do que vivem. Outras, como a Bruna Surfistinha, que adora o seu trabalho,
se deram bem. Ficaram ricas e arranjaram marido. Quem duvida do sucesso de quem
gosta do que faz?
A puta à moda antiga topava quase tudo. Beijava na boca, chupava
o ‘canudo’, e fazia – dependendo do cliente – sexo anal. Antes que eu esqueça:
não cobravam por hora, tipo advogado americano. Como antigamente havia menos
putas do que hoje, os atuais preços inflacionados contrariam um pouco a lei da
oferta e da procura. É resultado da profissionalização da categoria, que conta
inclusive com associações de classe. Hoje você pode encontrar essas garotas
atuando em atividades as mais diversas. A menina que vinha do interior tentar a
sorte na cidade grande – que continua existindo - cedeu espaço a estudantes
universitárias e muitas outras, inconformadas com a situação financeira da
família.
O pior dessas mudanças é que elas não gostam de beijar na boca;
o sexo anal pode até ser incluído nos serviços prestados, desde você pague 50
ou 100% acima da tabela; algumas, sequer dão aqueles gemidos que tanto agradam
aos homens – nem para disfarçar. Os serviços estão profissionalizados demais:
‘boquete’ custa xis, ‘normal’ 2 xis, e, completinho, 3 xis. Brevemente elas vão
estar munidas de uma tabela de preços impressa, em que cada ‘concessão’ tem um
valor diferenciado. No final, o cliente marcará com um 'xis' o que deseja fazer
e a moça, conforme a tabela, somará cada item numa calculadora de bolso, até
chegar ao preço final.
Ruim mesmo é ter que usar camisinha. Os garotos deste século não
sabem como era bom o contato direto entre o pinto e a periquita. Eles são a
geração dos ‘paus encapados’. Não tiveram o prazer de conhecer os cabarés com
suas lâmpadas vermelhas, verdes ou azuis, onde as garotas faziam até bailes de
debutantes. Alguns promoviam sorteios em que o vencedor escolhia a mulher – sem
ter que pagar nada. No marketing atual, isso receberia o nome de Processo de
Fidelização do Cliente. Nos cabarés as meninas eram residentes, e cada uma
tinha o seu quarto, personalizado. Neles, não havia nada além de um armário
pequeno (elas quase não usavam roupa), uma cômoda/penteadeira, a
mesinha-de-cabeceira, um radinho e, é claro, a cama. Nada de televisão. Pra quê
TV? Quem nasceu depois dos anos 80 não têm a menor idéia do que
estou falando. É pena. Sair com putas era uma alegria, um real prazer. Triste é
saber que esse tempo não volta mais.
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