quinta-feira, julho 19, 2012

MÃE x TODAS

DESABAFO DE MÃE


"Taqui que essa menina vai levar o meu garoto. Se é guerra que ela quer, é guerra que ela vai ter"

         GUERRILHEIRAS                                                                                    
   Elas podem ser comparadas àquele soldado japonês encontrado numa ilha deserta 30 anos depois do fim da guerra, que não sabia que o conflito havia terminado e estava pronto para entrar em combate. Seu país havia sido derrotado, o mundo mudou, a geografia mudou, e eles, os japoneses, eram a segunda maior economia do planeta.
   Quem são elas? Não vou fazer mistério: estou falando das mães. Mães de quem? Quase todas as mães, inclusive a sua. Elas lutam em várias frentes – tipo as ‘mães da praça de maio’, na argentina. Corajosas, encaram qualquer inimigo que ameace a integridade física ou moral de seus rebentos. Morrem, mas morrem de pé, lutando com bravura. As mais aguerridas são as viúvas ou separadas, que podem dedicar tempo integral à proteção do seu bebê – a idade deles não importa.
   Como elas agem? Usam técnicas de guerrilha, aperfeiçoadas por muitas gerações. Dissimulam com a intenção de pegar os inimigos de surpresa. Essa história de “casei meu filho e ganhei uma filha” é para não levantar suspeitas. A tal “filha” entrou na mira e só tem duas opções: “filho meu, ame-o ou deixe-o”. Lembrei de outra opção. A vítima, digo, a ‘filha’, poderá sobreviver se obedecer rigorosamente as ordens dela (da sogra) para todo o sempre, amém. Essas ordens, na maioria das vezes, não são expressas com clareza, mas como ‘delicadas’ e sutis (nem sempre) sugestões. A rival não deve ser alertada para suas verdadeiras intenções. A surpresa é o melhor ataque.
   Psicólogo amador de plantão, seguidor das idéias do grande psiquiatra Angelo Gaiarsa, falecido, especializei-me em observar mães, começando, é óbvio, pela minha que estava mais à mão. Ouvi pacientemente inúmeras mamães que estavam à beira de um ataque de nervos. Recentemente, ouvi uma pobre senhora contar que seu bebê, de apenas dezesseis aninhos, estava sendo ‘paquerado’ por uma professora de natação – uma velha de 23 anos – que devia tomar Semancol. Revoltada, ela (a mãe do bebê) foi ficando irada à medida que a narrativa evoluía. No final, depois de revelar a intenção de falar ‘umas verdades’ para a pedófila, entramos na fase de processar a ‘coroa’ que olhou com desejo para o que considerou desejável. Essa mãe me deu muito trabalho. Felizmente consegui transformar sua agressividade numa pequena indignação. Espero convencê-la, no máximo em uns cinco anos, a não guardar mágoa no coração.  

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