"Taqui que essa menina vai levar o meu garoto. Se é guerra que ela quer, é guerra que ela vai ter"
GUERRILHEIRAS
Elas podem ser comparadas àquele soldado japonês encontrado numa ilha
deserta 30 anos depois do fim da guerra, que não sabia que o conflito havia terminado
e estava pronto para entrar em combate. Seu país havia sido derrotado, o mundo
mudou, a geografia mudou, e eles, os japoneses, eram a segunda maior economia
do planeta.
Quem são elas? Não vou fazer mistério: estou falando das mães. Mães de quem? Quase
todas as mães, inclusive a sua. Elas lutam em várias frentes – tipo as ‘mães da
praça de maio’, na argentina. Corajosas, encaram qualquer inimigo que ameace a
integridade física ou moral de seus rebentos. Morrem, mas morrem de pé, lutando
com bravura. As mais aguerridas são as viúvas ou separadas, que podem dedicar
tempo integral à proteção do seu bebê – a idade deles não importa.
Como elas agem? Usam técnicas de guerrilha, aperfeiçoadas por muitas
gerações. Dissimulam com a intenção de pegar os inimigos de surpresa. Essa
história de “casei meu filho e ganhei uma filha” é para não levantar suspeitas.
A tal “filha” entrou na mira e só tem duas opções: “filho meu, ame-o ou deixe-o”.
Lembrei de outra opção. A vítima, digo, a ‘filha’, poderá sobreviver se
obedecer rigorosamente as ordens dela (da sogra) para todo o sempre, amém.
Essas ordens, na maioria das vezes, não são expressas com clareza, mas como
‘delicadas’ e sutis (nem sempre) sugestões. A rival não deve ser alertada para
suas verdadeiras intenções. A surpresa é o melhor ataque.
Psicólogo amador de plantão, seguidor das idéias do grande psiquiatra Angelo
Gaiarsa, falecido, especializei-me em observar mães, começando, é óbvio, pela
minha que estava mais à mão. Ouvi pacientemente inúmeras mamães que estavam à
beira de um ataque de nervos. Recentemente, ouvi uma pobre senhora contar que
seu bebê, de apenas dezesseis aninhos, estava sendo ‘paquerado’ por uma
professora de natação – uma velha de 23 anos – que devia tomar Semancol.
Revoltada, ela (a mãe do bebê) foi ficando irada à medida que a narrativa
evoluía. No final, depois de revelar a intenção de falar ‘umas verdades’ para a
pedófila, entramos na fase de processar a ‘coroa’ que olhou com desejo para o
que considerou desejável. Essa mãe me deu muito trabalho. Felizmente consegui
transformar sua agressividade numa pequena indignação. Espero convencê-la, no máximo
em uns cinco anos, a não guardar mágoa no coração.
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