quarta-feira, novembro 27, 2013

PRECISAMOS REALIMENTAR A ALEGRIA

O simpático que aparece na foto não se preocupa com roupas, automóveis, ou qualquer coisa que seja comprável. No entanto, ele está sempre sorrindo; de dia por causa do sol; de noite, pela lua e as estrelas. Ah, e por saber que cada um é cíclico, sua vida não conhece a monotonia. Está contente com o que pode ter.
 
  ALEGRIA PASSAGEIRA: COMPRAR
 
  Estou falando da alegria que sentimos ao comprar – comprar qualquer coisa, cara ou barata, dependendo da condição sócio econômica da pessoa. Os muito abastados não ficam contentes ao comprar um (ou mais um) automóvel, a menos que seja o mais caro que existe.
 
  Isso me lembra um desses árabes estúpidos, cheio de petrodólares, que no seu país quase não havia estradas e ruas pavimentadas (creio ter lido sobre o assunto uns 40 ou mais anos atrás), que possuía 10 Rolls Royces em sua garagem sitiada por areia; um era de prata – ou de ouro, não me recordo.
 
  A estupidez humana não aceita limites.
 
  Tenho visto pobres que adquirem o seu ‘quatro rodas’, fabricado 15 anos passados, e cuja manutenção sai caríssimo – visto que semanalmente visitam o mecânico da esquina. Para esses, ter um carro é como subir na escala social. Sentem-se importantes.
 
  Eu próprio já fui estúpido, não no nível dos dois exemplos citados, mas num nível intermediário, o que não diminui minha estupidez. Cometia dois pecados: fazia uma compra desnecessária e alimentava minha vaidade.
  Mas minha teoria de que o ser humano é um idiota não se refere apenas a automóveis. Falo de tudo que pode ser comprado, inclusive amigos e mulheres. Pode ser um equipamento de som, ou uma tevê de 200 polegadas. A cada degrau de preço que subimos ao comprar, acreditamos subir socialmente. Só a educação e a maturidade, juntas, são capazes de pôr um freio nessa mania de consumir.
 
  O consumo desnecessário é como beber da água salgada do mar – quanto mais bebemos, mais sede sentimos. Há quem considere isso uma doença. Eu penso diferente. Insisto na tecla da educação e da maturidade, sem entretanto duvidar que possa se transformar em uma doença.
  Me vem à lembrança um episódio de um amigo de infância, da minha idade, que já faleceu. Meu apartamento era repleto de tapetes orientais - que sempre achei e acho lindos. O amigo, que nasceu rico e perdeu tudo, casou sempre com mulheres ricas. Seu Deus era o dinheiro. Telefonou para mim do Estado onde morava, e, sem a menor noção, disparou esta pérola: “Sabes onde estou com os pés? Num tapete persa! Já pensaste o que isso significa? Aposto que nunca experimentaste este prazer”. Senti pena. Só.
 
  É claro que comprar algo que desejamos proporciona muito prazer, mas é um prazer efêmero, não se sustenta por muito tempo. Já o prazer que sinto ao escrever é constante, inesgotável. Cada tema abordado me traz uma alegria como se eu tivesse descoberto a pólvora. Isso me convenceu que o maior prazer está em criar. E não ganho dinheiro algum para escrever.
 

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