Qualquer tipo de sociedade esconde razões que são desconhecidas pelas duas partes interessadas.
SEGREDOS INCONFESSÁVEIS
A frase “Nós nos entendemos bem e temos os
mesmos objetivos” não é verdadeira. Aliás, como eu já filosofei (quanta
pretensão!), verdade é coisa que cada um tem a sua. Isso se aplica para sócios,
amigos e casais.
Cada um de nós têm um objetivo secreto, que
precisa da mesma ferramenta para alcançá-lo.
Um casal amigo gosta muito de dinheiro: ele,
para ter um carrão e outras coisas inúteis; ela, para comprar bolsas de grife.
Não, o assustador é que ambos, com cerca de 70 anos – época da vida em que
deveriam ter adquirido alguma sabedoria e aprendido o valor de coisas mais
verdadeiras.
Conheço outro casal que queria porque queria
uma casa na praia; Ele a usaria para fazer relações públicas; ela, para receber
os familiares em todos os feriados e nas férias. Não deu certo: ele tinha
desprezo pela família dela, e ela não gostava de receber estranhos (de fora da
família). Aparentemente, os dois queriam a mesma coisa, mas nenhum falou sobre
o motivo real do seu interesse.
No caso acima, o objeto dos desejos se
destinava a fins diferentes e conflituosos. Faltou sabedoria. Podemos chamar a
situação de “cilada”.
Uma sociedade comercial é como um casamento,
onde não deveria entrar sexo. Nesses casos, também existem dois objetivos, que
chamarei de ‘real’ e ‘fantasia’.
É óbvio que ambos pretendem ganhar dinheiro.
Mas cada um tem um nível diferente de ambição. Há o sócio que quer crescer e
multiplicar, e o que quer apenas viver com algum conforto. Esses propósitos quase
nunca são conversados antes.
Dois amigos decidem ir juntos a uma festa.
Para ‘facilitar’, resolvem ir num só carro. Só que esqueceram de combinar ‘para
quê’ queriam ir à festa. Um, pretendia ver se encontrava sua princesa
encantada; o outro queria apenas pegar a primeira vadia que quisesse ir com ele
a um motel. Deve ter sido fácil para este último alcançar seu objetivo. O
problema do primeiro era mais complicado – eu diria mesmo, impossível –, já que
princesas encantadas não existem fora da sua cabecinha idiota. O impasse foi:
quem fica com o carro para voltar para casa? E mais uma grande amizade ficou
arranhada.
Como dizia um grande amigo do Capeta, um
judeu sábio chamado Izidoro: “Se sociedade fosse constituída para dar certo,
não precisaríamos assinar contrato redigido por um abutre, quero dizer,
advogado, e reconhecido em cartório e outras repartições públicas”.
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