quinta-feira, novembro 14, 2013

TODA SOCIEDADE É SECRETA

Qualquer tipo de sociedade esconde razões que são desconhecidas pelas duas partes interessadas.
 
 
    SEGREDOS INCONFESSÁVEIS
 
  A frase “Nós nos entendemos bem e temos os mesmos objetivos” não é verdadeira. Aliás, como eu já filosofei (quanta pretensão!), verdade é coisa que cada um tem a sua. Isso se aplica para sócios, amigos e casais.
 
  Cada um de nós têm um objetivo secreto, que precisa da mesma ferramenta para alcançá-lo.
  Um casal amigo gosta muito de dinheiro: ele, para ter um carrão e outras coisas inúteis; ela, para comprar bolsas de grife. Não, o assustador é que ambos, com cerca de 70 anos – época da vida em que deveriam ter adquirido alguma sabedoria e aprendido o valor de coisas mais verdadeiras.
  Conheço outro casal que queria porque queria uma casa na praia; Ele a usaria para fazer relações públicas; ela, para receber os familiares em todos os feriados e nas férias. Não deu certo: ele tinha desprezo pela família dela, e ela não gostava de receber estranhos (de fora da família). Aparentemente, os dois queriam a mesma coisa, mas nenhum falou sobre o motivo real do seu interesse.
  No caso acima, o objeto dos desejos se destinava a fins diferentes e conflituosos. Faltou sabedoria. Podemos chamar a situação de “cilada”.
 
  Uma sociedade comercial é como um casamento, onde não deveria entrar sexo. Nesses casos, também existem dois objetivos, que chamarei de ‘real’ e ‘fantasia’.
  É óbvio que ambos pretendem ganhar dinheiro. Mas cada um tem um nível diferente de ambição. Há o sócio que quer crescer e multiplicar, e o que quer apenas viver com algum conforto. Esses propósitos quase nunca são conversados antes.
 
  Dois amigos decidem ir juntos a uma festa. Para ‘facilitar’, resolvem ir num só carro. Só que esqueceram de combinar ‘para quê’ queriam ir à festa. Um, pretendia ver se encontrava sua princesa encantada; o outro queria apenas pegar a primeira vadia que quisesse ir com ele a um motel. Deve ter sido fácil para este último alcançar seu objetivo. O problema do primeiro era mais complicado – eu diria mesmo, impossível –, já que princesas encantadas não existem fora da sua cabecinha idiota. O impasse foi: quem fica com o carro para voltar para casa? E mais uma grande amizade ficou arranhada.
 
  Como dizia um grande amigo do Capeta, um judeu sábio chamado Izidoro: “Se sociedade fosse constituída para dar certo, não precisaríamos assinar contrato redigido por um abutre, quero dizer, advogado, e reconhecido em cartório e outras repartições públicas”.
 

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