O ‘QUASE’ FOI MELHOR
Não falo do romantismo brega e seboso, como
era nos idos de 1950 e 1960. Havia, então, muitos exageros. Mas também muitos
encantos. Não sei se a mudança dos costumes foi rápida demais – acho que foi
isso, e não me habituei totalmente aos novos tempos.
A culpada de tudo, como não poderia deixar de
ser, foi – e é – a imprensa, que mudou a inércia comportamental dos namorados
para o ‘vapt-vupt’, como costumava dizer o meu querido e saudoso Chico Anysio.
Não é sem motivo que o Lula considera a mídia a própria Medusa, que, para quem
não sabe, é a figura mitológica daquela mulherzinha que, em lugar de cabelos,
trazia cobras e não havia pente que a penteasse.
Lembro que aos 18 anos, com a testosterona
substituindo o ‘Gumex’, namorei (naquele tempo a gente namorava, antes de
comer) uma garota lindíssima, que fazia o meu, você sabe, querer sair da toca a
qualquer custo. Não foi fácil. O primeiro beijo aconteceu após dois meses, na
varanda onde conversávamos. Um exagero! Ela logo despertou para os desejos da
carne, mas nem podíamos sair a sós. Ela era uma deusa, e eu, seu primeiro
namorado. Vou resumir, contando que eu gozava todas as noites, me esfregando em
seu corpo nu – ela desabotoava o vestidinho de cima a baixo . Fizemos quase
tudo, e posso garantir que foi a melhor transa da minha vida, que, é claro, não
aconteceu, porque já íamos casar em dois meses. Odeio ter tido o que se
costumava chamar, naquela época sombria, de juízo.
Dois ou três anos depois, começou o rara e
rola, ainda que timidamente. Namorados já podiam sair a sós, com hora marcada
para voltar. Essa foi a melhor época. A mais romântica, a mais natural e
saudável. Tinha o sabor da conquista e você comia com o tempo de um ou dois
meses – às vezes antes. Era então, comum o casamento de meninas grávidas.
No final da década de 1960, teve início o
período da zona, ainda com alguma ‘organização’ – sim, porque depois virou zona
zona mesmo. Os homens não conquistavam mais ninguém. Quem conquistava as
meninas era a posição social e as perspectivas de um futuro abonado e
conveniente.
Bem, o romantismo da época do “rala e pode
até rolar” foi o melhor. Digo isso com conhecimento de causa. Minha melhor
trepada foi aquela que ficou no quase.
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