Esse maridão se vale de um sarcasmo leve, para
sensibilizar a sua
senhora, e fazê-la entender que deve ir à aula de culinária. Mas, como ela é burrinha, vai fazer a comida só com a mão boa.
O FAZEDOR DE INIMIGOS
Outro dia destes li, em algum lugar, uma
frase do excelente cronista Mário Prata, segundo o qual quem escreve faz muitos
inimigos. O Capeta já havia observado esse fenômeno na própria carne. Expliquei
na época que todos os que conhecem um cronista acreditam que, quando ele
escreve alguma coisa parecida com o que lhes aconteceu, foi narrado com a
intenção de referir-se a eles. Coincidência? Nem pensar. “Aquele fdp escreveu
de propósito, só para me atingir” – é no que acreditam.
Como quem conta uma história sempre muda uma
coisinha ou outra (justamente para não parecer com a história de um conhecido),
parece que a coisa piora, pois aumenta o número de “atingidos”.
O que eles não pensam é que não são os únicos
a fazer certas coisas. Nada do que você possa fazer ou ter feito é privilégio
da sua criatividade maligna. Milhões o fizeram antes, desde que o homem existe.
OS PERIGOS DO SARCASMO
Nem todo mundo sabe praticar um sarcasmo
fino, sutil. Saber ser irônico é uma arte. O semasiologista usa a semântica
para dar recados, enviar mensagens, e até mesmo fazer ameaças. Algumas vezes,
só para ser engraçado.
Ser irônico é dizer algo para afirmar o seu
contrário. Mas há um porém: nem todos os leitores têm a capacidade de detectar
uma intenção. Muitos fazem interpretações literais, deixando o sarcasmo de
lado.
Particularmente, adoro utilizar esse tipo de
recurso retórico. A ironia não é uma forma de comunicação popular. Para ser
compreendida, é-lhe necessária uma interpretação do texto por uma mente mais
culta, mais elitista.
O grande escritor inglês Oscar Wilde foi um
gênio da arte do sarcasmo. Muitos que o citam, nem percebem que as coisas que
ele falava servem perfeitamente para os dias atuais – pois o homem em nada
mudou.
Sabe aquela coisa de que “prefiro perder o
amigo, mas não perco a piada”? Pois é o que acontece com quem nasceu com o dom
de ser irônico. É um comportamento irresistível. Danem-se os ignorantes.
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