Esse moço na foto ao lado é um escritor. Observem a alegria no seu semblante. Parece que está festejando um gol do seu time, mas ele conseguiu encontrar a frase certa para dar seu recado.
ESCRITORES: DESOCUPADOS E INDEPENDENTES
Não se assuste! Eles apenas não trabalham
como todo mundo. Eles se divertem o tempo todo. Ou quase. Sua mente vagueia por
lugares inconfessáveis, perto ou distantes, e seus grandes prazeres são, fora o
sexo, pensar e escrever, e ler. Quem considera pensar um trabalho? Acho que só
os próprios escritores, os filósofos e os editores.
Entretanto, ser escritor tem muitas
vantagens. Você não tem chefe; não tem horário; sua ocupação é só prazer – nada
é mais satisfatório do que criar; consegue, mesmo sendo reconhecido pela sua
obra, manter um certo anonimato físico; quanto às suas finanças, há duas
possibilidades: ganha muito dinheiro e fica rico e famoso, ou, como eu, que já
sou quase um escritor, não ganha nem uma só moeda. Mas vive contente. O
escritor observa os tipos de pessoas que habitam este planeta e percebem que a
maioria é composta de idiotas.
É um ledo engano acreditar que um escritor de
sucesso em vendas é, necessariamente, um bom escritor. De quem é a culpa disso?
Da mídia, que sempre favorece quem lhes convêm. Da sorte, que é fundamental
para que lhe seja dada uma oportunidade.
Muita coisa boa é escrita por anônimos, que
irão continuar no anonimato. Não devemos acreditar em Best Sellers. São, geralmente,
obras com apelo comercial, escritas apenas com a intenção de ganhar dinheiro;
não forçam o leitor a pensar, nem apresentam novas ideias.
Quando digo que sou ‘quase’ um escritor,
estou falando que começo agora a viver uma fase de aperfeiçoamento. Sempre
escrevi, mas eventualmente. Acredito em quem disse que para um profissional ser
bom no que faz, precisa fazer por pelo menos dez anos, ininterruptamente. Bem,
gênios como eu levam menos tempo. Meus primeiros textos foram, em sua grande
maioria, medíocres.
Considero escritores seres hedonistas, na
verdadeira acepção do significado real da palavra ‘hedonismo’. Eu, pelo menos,
o sou. Nada a ver com sexo, portanto. Nunca falta, a um escritor humanista,
inspiração para pensar sobre o que escrever. A vida fornece, em quantidade
suficiente, assuntos para escrever e detalhar. Para isso, basta que olhemos com
reflexão o que move o mundo. São as pessoas? Então olhemos para as pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário