INFINITAMENTE CHATAS
Você já se perguntou a razão pela qual o dia
das mães não ter uma data fixa? Encontrou alguma resposta sensata? Nem vai
encontrar. Dia certo para sofrer? Mas eu pensei muito sobre o assunto, pois sou
admirador dessas criaturinhas aparentemente frágeis, que nem o Diabo consegue
entender. Até certo ponto há uma coerência no meu raciocínio, afinal, toda mãe
é uma mulher.
Ouvi respostas de muita gente, mas nenhuma
passou sequer perto da que me convencesse. Até que perguntei ao meu sábio amigo
Pascácio – que é ingenuamente sincero. A conversa foi assim:
- Mãe é um negócio complicado – Falou o meu
amigo.
- Isso eu sei – Respondi.
- Você gosta da sua mãe? – Perguntou-me.
- Ela já se foi, virou pó – falei, saindo
pela tangente.
- Vou reformular a pergunta. Você sente
saudade dela?
- Não! Definitivamente não!
- Ela foi má para você?
- Depende do ponto de vista. Foi mestra na
arte da manipulação. Aliás, todas as mães o são, mas ela era Phd.
- Houve alguma coisa positiva na forma de ela
exercer a maternidade?
- Bem, não sei; ela dava com uma das mãos e
tirava com a outra. Minhas mágoas superam em muito qualquer coisa boa que ele
tenha feito.
- O
normal é todo filho gostar da sua mãe, certo?
- Duvido disso – respondi. – Pode ser o
comum, mas daí pra ser normal há uma distância enorme, abissal. Nossa sociedade
ensina que devemos amar nossa mãe... Devemos porquê? As emoções são uma via de
duas ‘mãos’; quando você percebe – ou finalmente aceita – o fato de que sua mãe
queria fazer de você uma marionete, pode então parar de mentir para si e para
os outros. Nesses casos, falta coragem para dizer o que pensa.
- Coragem? Por quê motivo?
- Quando nascemos, sem a menor opção de
escolha do lugar onde iremos nascer, recebemos duas lavagens cerebrais. A
primeira é que mãe é a melhor coisa do mundo. A segunda é que fomos criados por
Deus. Minha sorte – falei – é que descobri as farsas antes de morrer, e posso
levar este final de vida com mais alegria, com mais leveza.
- Mas isso não pode ter acontecido só com
você? Como saber se outras pessoas sentem o mesmo?
- Sobre as mães, minhas ideias estão
corretas. As poucas pessoas em quem confiava e que confiavam em mim – e para
quem perguntei sobre o assunto, foram habilmente convencidas por mim a serem
sinceras. Desenterraram as mágoas. Culparam as mães por tudo de ruim que lhes
aconteceu na vida.
- Mas essa não é uma pesquisa que se possa
fazer com muita gente.
- Sei disso – respondi. – Mesmo assim, o
placar foi ‘6x0’ – contra as mães. As pessoas não falam para não serem mal
vistas pelos outros. É que “pega bem” aparentar ser um filho atencioso, amoroso
e agradecido. Somos admirados por sermos assim. Mãe boa é a leoa, ou a ursa.
- Você acredita que alguém goste sinceramente
das mães – Perguntou meu amigo.
- Acredito: os psiquiatras e psicólogos, que
vivem das mães dos outros. Eles sabem que elas são a origem de todos os males.
Ah, e os gays, que só vivem felizes quando contam com o apoio da mamãe.
Adendo: É
bom não esquecer que, na maioria das vezes, você foi feito apenas por um prazer
egoísta que sua mãe teve.
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