domingo, dezembro 15, 2013

VOCÊ VAI CHEGAR LÁ?

Responda com sinceridade: quem, neste mundo, tem mais direito do que ela de fazer esse gesto?


  SER VELHO É MUITO BOM!
 
  Para quem sabe envelhecer, a lembrança dos tempos de juventude não desperta saudade; no máximo, boas risadas. Acredito que a maior sabedoria consiste em administrar bem a testosterona que restou – sempre sobra alguma. Impossível é ser jovem e sábio; são coisas que não combinam.
  Como esse tema é quase inesgotável, vou direto ao ponto que quero abordar: O direito de pensar, e, principalmente, poder dizer o que penso.
 
  Os velhos – falo dos que alcançaram 65 anos ou mais – são bem mais seletivos. Eu, por exemplo, não cultivo amizades. Elas não me interessam, só tentam fazer com que que eu seja como esperam que eu seja. Como velho, sou como sou, e tenho vontade de ser.
  Velho que se respeita, não tem medo de quase nada, talvez apenas de ficar preso a um leito. A cama serve de abrigo ao amor carnal, mas também é sala de espera da morte. Como sempre, são dois extremos que são próximos.
 
  Para começo de conversa, velho bem resolvido é aquele que fica contente em conviver consigo; é só. Mentimos menos e nossa intolerância é maior. O que mais me irrita nas pessoas é o fato de não prestarem atenção ao que se fala, como se o idioma fosse o grego.
  Ainda hoje, estava esperando para receber a comida que encomendei, quando vi um bar bem em frente. Sabendo que era do mesmo dono do restaurante onde eu tinha ido, perguntei ao garçom que hora ele (o bar) abria as portas. O desgraçado apontou e disse: “já está aberto!”. Ora, que estava aberto eu sabia, até porque estava cheio de gente bebendo e beliscando.
 
  Ninguém presta atenção às palavras que você diz, e responde coisas diferentes do que foi perguntado, como se a ‘anta’ fosse você. Mas não pense que é só o pobre do garçom que é idiota; seus filhos também agem dessa maneira, seus amigos, e, se você tiver mulher, essa é imbatível.
  Acabo de contar a uma conhecida que não pretendo voltar a pisar num avião, pois não vou a lugares onde não se possa fumar, e, além disso, não viajo em “ônibus” que voa – é no que foram transformados os aviões. Dois dias depois, a infeliz me convida para fazer uma viagem, avisando que cada um paga as suas despesas. Ou ela não entendeu, ou eu não fui claro.
 
  Sempre fui amigo da leitura; acredite, é a melhor companhia. Melhor até do que a música. Se um livro não está agradando, coloco-o numa estante e esqueço dele. Mas você não pode – seria uma maravilha! – pôr suas amigas, seus filhos, e outras pessoas numa estante – e esquecer deles lá. Prefiro, como alguém já disse, ter um inimigo sábio do que um amigo ignorante.
 
  O melhor da minha idade é não ter a ‘obrigação’ de agradar, de ser diplomata, de ser simpático, e não ter medo da morte – nem da morrida nem da matada.
  Com essa postura, elimino qualquer mulher que venha demonstrar algum interesse por mim, exceto aquelas que posso e quero pagar por seus ‘serviços’.
  Um velho sábio, assim como eu (não sou modesto), sofre um pouco por sentir que nasceu na época errada – antes do século XXIII.
 

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