NOSSOS CONFLITOS
Não adianta querer ser diferente, eliminar os
problemas de consciência, e procurar viver melhor. Nossos desejos sempre
estarão em conflito com as regras sociais que criamos ou aceitamos. Nossa
intenção é parecer melhores do que realmente somos – e para isso, fingimos
cumprir o que determinam as leis ou a moral vigente.
Um pequeno problema: as leis morais
geralmente vão contra os nossos desejos pessoais. Há sempre uma justificativa
para nosso comportamento contrário ao que pregamos – coisa que não aceitamos
nos outros. Uma dona de casa comum jamais vai admitir que tem os mais loucos
sonhos eróticos, mas tem.
Outra curiosidade é que costumamos
discriminar pessoas que agem abertamente como gostaríamos de agir; até mesmo
quando agimos de maneira igual, só que não às claras. Isso costuma levar o nome
de hipocrisia, um defeito que não é nosso, é claro.
Eu sou, como todo mundo, preconceituoso. Que
atire a primeira pedra quem não o for. Pessoas que sofrem preconceito são, em grande
parte, as mais preconceituosas. Um exemplo de um dos meus inúmeros
preconceitos: detesto gente burra. Apesar de saber que se alguém tem um QI
muito baixo, não é culpado disso; nasceu assim, o que fazer?
Mas nada pode ser feito para que eu tenha o
menor prazer de dialogar com uma pessoa assim. Desses, quero distância. Mas é
bom que não se confunda burrice com ignorância – essa pode mudar, se o portador
quiser.
Apesar dos homens negarem, eles não gostam
muito de mulheres inteligentes e intelectualizadas. Têm medo que elas os
superem. Sentem-se inseguros. Esse caso representa bem quando uma qualidade
torna-se um problema. Conheço uma mulher que tem curso superior e
pós-graduação, que é esperta, mas não é inteligente. Eu sei, todo mundo conhece
alguém assim; não sei se ela tem consciência disso, mas o fato é que só gosta
de fazer amizades com pessoas com nível sociocultural inferior. Há mais gente
assim do que você pode imaginar.
Minha conclusão é que, na verdade, não temos
inimigos externos. Nossos inimigos estão dentro da nossa mente. É óbvio que
muita gente não gosta de você ou de mim; cada um tem seus motivos, tipo inveja,
despeito, ou até porque somos como elas gostariam de ser. Não esqueça que a
simples alegria de uns incomoda muitos outros.
Ao atingir – isso todo mundo pode, pelo menos
em teoria – um grau de superioridade não explícita, ou seja, não pretensiosa,
você verá que jamais sentirá ódio: quando muito, um profundo desdém.
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