São grandes as diferenças entre o raciocínio de ricos e pobres. Pensando melhor, pobre não pensa. Pobre tem a impressão de, ou apenas 'acha' alguma coisa.
GENTE FINNA
- Seus nomes, por favor?
- Roberto e Eliane da Silva.
- Pronto. Sua ficha está completa. Aguardem ser
chamados.
- Um momento! Meu nome está errado!
- Não é Roberto?
- É, mas com ‘h’ e dois ‘t’
- Roberto com agá? E onde fica o agá?
- Depois do primeiro erre.
- Nunca vi isso... E o outro tê... Não me diga que é
mudo, antes do primeiro erre!?
- Não, fica junto do primeiro e único tê.
- Único até agora, né? Vai ganhar um irmãozinho.
Prefere que venha antes ou depois do tê original?
- O meu também está errado - falou a senhora. – Não
é Eliana, é Eliane. E pode pôr mais um elle. Vou soletrar... E-l-l-i-a-n-e.
Anotou?
- Senhora, não está esquecendo de dar um irmão para
o ene e acrescentar um agá em... em qualquer lugar?
O diálogo
acima pode parecer brincadeira, mas não é. Está ficando cada dia mais
complicado fazer cadastro. Tanto faz o nome ser de gente pobre ou de ricos. Os
ricos, esses tiram e põe letras conforme o conselho dos numerólogos de plantão
– que cobram um dinheirão para alterar um nome simples e correto. Mas rico não
é ‘anta’, é supersticioso. Uma questão de status.
Um pouco mais complicado é nome de pobre
(esse é ‘anta’ mesmo), que não tem grana para os médicos de nomes. Alguns simplesmente imitam os ricos, pra parecer
com eles, como se as vestimentas que usa e a fala que fala não fossem
“dedos-duros”. Outros – acho que a mania começou depois de um jogo Brasil x
Holanda – são mais complicados. Além de acrescentar um ‘son’, ou outra
terminação comum em nomes estrangeiros, ainda querem acrescentar ou dobrar
letras. Assim aparecem os Richarllysons do esporte.
Algumas confusões têm ocorrido por causa
dessa agressão à língua portuguesa. Outro dia bateram à porta de um sujeito,
levando uma ordem de prisão, que fora emitida contra Raimundo Duarte. Na
delegacia, o preso, após três dias de detenção, acabou descobrindo que a ordem
estava certa, mas não o bandido. Ele, o inocente, era Raymundo, e não Raimundo.
Afinal, não era ‘um qualquer’. Seu nome tinha um ipsiloni entre o ‘a’ e o ‘m’.
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