terça-feira, maio 21, 2013

O QUE DÁ PRA RIR DÁ PRA CHORAR

Qualquer pessoa pode viver uma situação que cause alegria e tristeza ao mesmo tempo. É o caso deste casal que conversa enquanto bebe um vinho.
 

  MORREU? QUE MARAVILHA!

   Alegria e tristeza andam sempre juntas, de mãos dadas.

   Manuel Maria Barbosa Du Bocage foi um grande poeta português, comparável, diriam alguns, ao próprio Fernando Pessoa. Até os anos 60 ou 70 do século passado, era conhecido no Brasil quase que apenas por alguns versos considerados ‘sujos’ para a época. No entanto, Bocage foi grande. Usou linguagens para o povo e para as elites intelectuais. Sua obra merece ser lida.
   Billy Blanco, compositor paraense que fez sucesso nacionalmente, inspirou-se em um verso de Bocage para escrever uma de suas belas músicas, como podemos ver no verso “O que dá pra rir, dá pra chorar”. Apesar de tirada ‘literalmente’ do poema português, não se trata de plágio, como querem alguns maldosos. Billy desenvolveu o tema com muita propriedade, bom senso, bom gosto e talento. Ele foi um bom compositor, não precisava plagiar.
 
   Outro dia ouvi ou li esta frase: “Toda notícia boa traz uma ruim”. Eu diria que foi uma adaptação da música de Billy Blanco inspirada no poeta Bocage, que possivelmente inspirou-se em alguém. E daí? Milhares de frases brilhantes foram atribuídas a quem as pronunciou, geralmente sem sequer saber a origem da autoria. Autores não são donos de idéias. Não existe uma frase ou pensamento que não tenha sido pensado ou dito de outra forma antes. O autor inspira-se e adapta a idéia a uma linguagem atual ou ao tema que está sendo desenvolvido. É nessa adaptação que consiste o valor literário.
 
   “O que dá pra rir dá pra chorar” é a mais pura verdade. A morte não traz apenas tristeza. Pode crer que muitos se alegram quando alguém morre. Os motivos da alegria? Uma vaga que abriu no trabalho, a herança deixada pelo falecido, uma viúva apetitosa que fica livre, um ‘cliente’ para a funerária, e assim por diante. Tirando de lado os indiferentes, ouso pensar que a morte de alguém faz mais pessoas alegres do que tristes.
 
   A morte do ‘fulano’ certamente vai incomodar todos que vão perder alguma coisa por causa dela. Alegrará apenas os que forem beneficiados. Sem contar aqueles que desenvolvem o ódio instintivo a qualquer sucesso obtido pelos outros. A moral humana se baseia em critérios de méritos duvidosos. Temos normas de convivência social que nos impedem de cometer absurdos convenientes. Podemos evitar que alguns pratiquem o mal, porém nunca evitaremos que muitos o desejem. Não existem regras para o pensamento, que permanece livre e se desenvolve conforme o instinto, os interesses e a conveniência de cada um. 

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