Qualquer pessoa pode viver uma situação que cause alegria e tristeza ao mesmo tempo. É o caso deste casal que conversa enquanto bebe um vinho.
MORREU? QUE MARAVILHA!
Alegria e tristeza andam sempre
juntas, de mãos dadas.
Manuel Maria Barbosa Du Bocage
foi um grande poeta português, comparável, diriam alguns, ao próprio Fernando
Pessoa. Até os anos 60 ou 70 do século passado, era conhecido no Brasil quase
que apenas por alguns versos considerados ‘sujos’ para a época. No entanto,
Bocage foi grande. Usou linguagens para o povo e para as elites intelectuais.
Sua obra merece ser lida.
Billy Blanco, compositor paraense
que fez sucesso nacionalmente, inspirou-se em um verso de Bocage para escrever
uma de suas belas músicas, como podemos ver no verso “O que dá pra rir, dá pra
chorar”. Apesar de tirada ‘literalmente’ do poema português, não se trata de
plágio, como querem alguns maldosos. Billy desenvolveu o tema com muita
propriedade, bom senso, bom gosto e talento. Ele foi um bom compositor, não
precisava plagiar.
Outro dia ouvi ou li esta frase:
“Toda notícia boa traz uma ruim”. Eu diria que foi uma adaptação da música de
Billy Blanco inspirada no poeta Bocage, que possivelmente inspirou-se em alguém.
E daí? Milhares de frases brilhantes foram atribuídas a quem as pronunciou,
geralmente sem sequer saber a origem da autoria. Autores não são donos de
idéias. Não existe uma frase ou pensamento que não tenha sido pensado ou dito
de outra forma antes. O autor inspira-se e adapta a idéia a uma linguagem atual
ou ao tema que está sendo desenvolvido. É nessa adaptação que consiste o valor
literário.
“O que dá pra rir dá pra chorar”
é a mais pura verdade. A morte não traz apenas tristeza. Pode crer que muitos
se alegram quando alguém morre. Os motivos da alegria? Uma vaga que abriu no
trabalho, a herança deixada pelo falecido, uma viúva apetitosa que fica livre,
um ‘cliente’ para a funerária, e assim por diante. Tirando de lado os
indiferentes, ouso pensar que a morte de alguém faz mais pessoas alegres do que
tristes.
A morte do ‘fulano’ certamente
vai incomodar todos que vão perder alguma coisa por causa dela. Alegrará
apenas os que forem beneficiados. Sem contar aqueles que desenvolvem o ódio
instintivo a qualquer sucesso obtido pelos outros. A moral humana se baseia em
critérios de méritos duvidosos. Temos normas de convivência social que nos
impedem de cometer absurdos convenientes. Podemos evitar que alguns pratiquem o
mal, porém nunca evitaremos que muitos o desejem. Não existem regras para o
pensamento, que permanece livre e se desenvolve conforme o instinto, os
interesses e a conveniência de cada um.
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