A VELHICE E O AMIGO
Sabe aquela bobagem que contam como piada,
que após os sessenta anos se você acordar sem dor alguma deve certificar-se que
não está morto? Pois saiba que não é bobagem nem piada. Tirando uma ‘pitadinha’
de exagero, acredite que você nunca mais será o mesmo. Nem com seu amigo fiel,
que sempre foi de grande utilidade, você poderá contar sempre que precisar.
Nessa idade você aprende que nem seu melhor amigo era tão amigo. Paciência,
fazer o quê?
Sessenta anos é uma espécie de divisor,
tipo o tempo que é medido como antes do Cristo nascer e após seu nascimento -
AC e DC. Só mudam as iniciais, que passam a ser AS e DS – antes e depois dos
sessenta. Sessenta fica sendo o ‘marco
zero’.
Aos sessenta pode até passar pela sua
cabeça que sua vida foi intensa – ou não -, que você fez o bastante e já pode
descansar. É o velho boato de que “velho tem que ficar em casa”, de pijamas,
sem pensar em sacanagens – exceto na sessão ‘saudade’, que teima, de quando em
vez, em aparecer sem ser convidada. Até os sessenta você certamente fez muitas
coisas, especialmente besteiras. Uma burrice atrás da outra. Mas não se
arrependa, foi bem divertido. ‘AS’ é uma espécie de idade das trevas, onde nada
é como você imaginava – fruto é claro, da sua ignorância. ‘AS’ é um longo
período que dura, obviamente, sessenta anos. Ou, se preferir, 21.900 dias. Para
parecer mais tempo, considere 525.600 horas.
Mas as mudanças não acontecem
abruptamente. Elas começam a ser percebidas em torno dos 50 anos – e você nem
acredita que estejam ocorrendo. Aos 60,
é o choque da realidade. Sabe aquela época em que você transava até com poste
enfeitado com bandeirinhas de São João? Pois é, agora você sabe que poste é
poste. Mulher é mulher. Você ficou mais exigente, ou entendeu que ver a foto de
uma gata nua não causa tanto rebuliço como antes? As duas coisas, pode
acreditar. Se for casado há muitos anos, nem Viagra fará você ressuscitar e
assistir um filme antigo que você já viu milhares de vezes. Não é que não dê, é
que não dá. Se sua mulher ainda estiver acesa, tipo a Suzana Vieira, deixe-a
tentar um amante, não se sacrifique.
Um psicólogo amador que trabalha para o
nosso blog, recomenda que você só parta para a guerra se estiver ‘re-al-men-te’
excitado. Não caia nessa de tentar comer qualquer mulher, pois você acabará
falando que “isso nunca aconteceu comigo antes”.
Ah,
e não pense que me esqueci de contar quem é o amigo com quem você não pode mais
contar para tudo. Mas você já sabe... Vocês
estão juntos há sessenta anos.
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