Neste prédio de 26 andares ela viveu grande parte da sua vida. Na falta de uma foto de Dona Maria, o edifício aonde eu também morei quando a conheci. Jamais a esquecerei. Para mim, ela foi um exemplo de como seria bom se todos fossem como ela.
MARIA MOURA DA SILVA
Que eu me lembre, é a primeira vez que
escrevo algumas linhas para prestar uma homenagem a uma pessoa desconhecida dos
meus leitores, mas que foi muito admirada por mim enquanto viveu.
Nestes dias, tenho pensado muito nela, que
tinha idade para ser minha mãe. Poderia ter sido minha sogra. Quase foi. Essa
mulher, de origem humilde, ficou milionária – sem nunca mudar sua maneira
simples e gentil de ser. Comportou-se, sempre, como uma dama. A serenidade e o
bom senso marcaram sua trajetória enquanto esteve entre nós.
Dona Maria, como eu a chamava, sempre
tinha uma palavra de consolo para todos, e seus conselhos eram cheios de amor.
Nunca teve uma vida fácil. Ainda em vida,
perdeu três filhos – um suicidou-se, outro morreu diabético, e uma moça foi-se
num acidente de carro. Seria para enlouquecer qualquer mãe cheia de amor, como
ela. Ela manteve-se firme como uma rocha. Digna, como sempre foi.
Pouco antes de morrer, tive o prazer de
vê-la e conversar com ela, já idosa, acompanhada de uma filha. Nunca mais a vi.
Eu morava em outra cidade, e, casualmente, vi a nota-convite para a missa de 7º
dia. Compareci, apesar de não crer em
nada que venha de qualquer religião. Queria despedir-me dela. Foi uma morte que
deixou-me triste, muito triste. O mundo acabara de perder uma pessoa honrada –
e pouca gente ligou. Quando digo que “o
mundo perdeu...”, é por acreditar que, mesmo que ninguém se dê conta, o mundo
ficou um pouco melhor com seus exemplos.
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