ECONOMISTAS E VIDENTES
O que um diz é o mesmo que o outro fala.
Pelo menos no que se refere a acertos e erros. A diferença é a técnica
utilizada para o diagnóstico. Economistas fazem cálculos complicados, que
impressionam e até convencem. Os videntes não sabem matemática, mas já
entenderam que você acredita no que quer acreditar. Então, com menos trabalho e
muita observação, falam o que deixará você feliz. Ambos fazem previsões de
longo prazo, de forma que você, otário, fique na torcida por muito tempo.
Quando terminar o prazo dado pela ‘premonição’, terá acontecido tanta coisa,
sua vida mudou tanto, que nem lembrará direito o que seu ‘guru’ falou.
Pense um pouco. Se qualquer uma das duas
categorias profissionais acertassem suas previsões, todos estariam bilionários
e não precisariam viver de “consultas”. Mas os economistas muitas vezes
‘invadem’ o território dos videntes com bola de cristal e chutam alto, tão alto
que a bola só voltará a cair na Terra após longos anos.
Chamam a isso de Planejamento Estratégico
Para Anos Incertos” (PEPAI).
Videntes, pelo contrário, costumam
trabalhar com prazos mais curtos. Quando você descobre que foi enganado, nem
vai reclamar. Espera ser esquecido e sente vergonha por ter sido trouxa.
Mas você caiu nessa? Não fique
constrangido. Também já caí. Quase todo mundo caiu, diga-se a bem da verdade.
Videntes vendem felicidade, mas não dão prazo de garantia. A ‘bola’ sempre
fura, seja no princípio, no meio, ou no fim do jogo.
Delfim Neto, economista, ‘mago’ das
finanças, ‘ilusionista’ dos bons, é inteligente e muito culto. A cultura,
acredite, é muito importante para dar credibilidade. Saber usar as palavras é
uma poderosa arma de convencimento. Quando economistas erram – isso acontece com
frequência, eles usam o termo “variáveis desconhecidas” que ocorreram desde a
previsão. “Se tudo acontecesse como o previsto...”. Eles conseguem errar mais
do que os cientistas que preveem o tempo – cujos acertos se limitam no máximo
às próximas 48 horas. Como você sabe, o El Niño não era esperado e surpreendeu
a todos.
Além de estar preparado para saber lidar
com o futuro, vai ser preciso ter sorte. Muita sorte. Sem essa ‘senhora’, o
máximo que poderá acontecer é... Nada. E agradeça se não receber a visita de
outra criatura – o azar.
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