sexta-feira, setembro 27, 2013

VELHOS AMORES

O amor não tem idade. A inveja também não. Nunca esquecemos um amor, mesmo o que vicejou na mais tenra idade. Nesse caso, podemos ter uma surpresa, se o tal desejo resolver dar as caras.
 

   VELHOS AMORES

 
   O passado, se tiver oportunidade, sempre volta. Entra por uma porta mal fechada, por uma janela, até mesmo por uma fresta. Como a esperança, ele se finge de morto – deve ser para nos pegar desprevenidos. Estou falando, é claro, de amores passados. Melhor dizendo, paixões passadas que imaginávamos ultrapassadas. O amor é uma paixão que foi mais forte, que causou mais estrago.
   Como eu sei disso? Eu procurei. Movido pela esperança disfarçada de curiosidade, reencontrei diversos velhos amores – que tive ou pensei que tive; alguns quase esquecidos; amores de todas as grandezas, pequenos ou maiores, até mesmo os que tratamos com indiferença numa determinada época. Todos, sem exceção, nos causaram algum sofrimento, quando deixamos ou fomos deixados.
 
   Atribuo essas recorrências ao fato de que nunca estamos satisfeitos plenamente. Nem quando pensamos estar. Enquanto houver alguma juventude em nós, estamos vulneráveis ao ‘amor’.
   Verdade que alguns amores do passado nunca morreram; estavam apenas hibernando. Outros, menos fortes, necessitam de mais tempo para reflorescer.
   Somos permanentemente envolvidos pelo “poderia ter sido diferente”; até culpamos a nossa imaturidade pelos fracassos. É assim com você e com todo mundo. Todas as paixões nos marcam pela expectativa que tivemos em relação a elas.
 
   Nem eu nem você fracassamos. Nunca. Mesmo sem saber, seguimos nossos instintos, ontem e hoje. O amor não deve ser explicado; seu fim não deve ser justificado. Nem adianta tentar. Amor é uma emoção que surge do nada, e vai embora por qualquer motivo bobo – até sem motivo algum que não seja o fastio. Amor é desejo, e desejo é uma quase doença que vem e passa.
   Uma antiga paixão pode ou não estar na época certa para ser replantada. Você nunca sabe. Acontece ou não. Depende do seu momento atual. Se você der espaço, ela entra. Mas tende ao fracasso, um fenômeno que se repete. Como eu já disse, nossa mente é um turbilhão de ideias que são caoticamente dispostas – nunca na ordem certa. O amor ‘definitivo’ é uma utopia; em geral, morremos sem entender como ele funciona. Fomos programados para ter vários amores, e nada vai mudar isso.
 
   Qualquer reencontro com um amor do passado tende a renascer, caso o desejo reapareça – como sempre, sem explicação.

 

 

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