O amor não tem idade. A inveja também não. Nunca esquecemos um amor, mesmo o que vicejou na mais tenra idade. Nesse caso, podemos ter uma surpresa, se o tal desejo resolver dar as caras.
VELHOS AMORES
O passado, se tiver oportunidade, sempre
volta. Entra por uma porta mal fechada, por uma janela, até mesmo por uma
fresta. Como a esperança, ele se finge de morto – deve ser para nos pegar
desprevenidos. Estou falando, é claro, de amores passados. Melhor dizendo,
paixões passadas que imaginávamos ultrapassadas. O amor é uma paixão que foi
mais forte, que causou mais estrago.
Como eu sei disso? Eu procurei. Movido pela
esperança disfarçada de curiosidade, reencontrei diversos velhos amores – que
tive ou pensei que tive; alguns quase esquecidos; amores de todas as grandezas,
pequenos ou maiores, até mesmo os que tratamos com indiferença numa determinada
época. Todos, sem exceção, nos causaram algum sofrimento, quando deixamos ou
fomos deixados.
Atribuo essas recorrências ao fato de que nunca
estamos satisfeitos plenamente. Nem quando pensamos estar. Enquanto houver
alguma juventude em nós, estamos vulneráveis ao ‘amor’.
Verdade que alguns amores do passado nunca
morreram; estavam apenas hibernando. Outros, menos fortes, necessitam de mais
tempo para reflorescer.
Somos permanentemente envolvidos pelo
“poderia ter sido diferente”; até culpamos a nossa imaturidade pelos fracassos.
É assim com você e com todo mundo. Todas as paixões nos marcam pela expectativa
que tivemos em relação a elas.
Nem eu nem você fracassamos. Nunca. Mesmo
sem saber, seguimos nossos instintos, ontem e hoje. O amor não deve ser
explicado; seu fim não deve ser justificado. Nem adianta tentar. Amor é uma
emoção que surge do nada, e vai embora por qualquer motivo bobo – até sem
motivo algum que não seja o fastio. Amor é desejo, e desejo é uma quase doença
que vem e passa.
Uma antiga paixão pode ou não estar na época
certa para ser replantada. Você nunca sabe. Acontece ou não. Depende do seu
momento atual. Se você der espaço, ela entra. Mas tende ao fracasso, um
fenômeno que se repete. Como eu já disse, nossa mente é um turbilhão de ideias
que são caoticamente dispostas – nunca na ordem certa. O amor ‘definitivo’ é uma
utopia; em geral, morremos sem entender como ele funciona. Fomos programados
para ter vários amores, e nada vai mudar isso.
Qualquer reencontro com um amor do passado
tende a renascer, caso o desejo reapareça – como sempre, sem explicação.
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