Cada suicida tem seus motivos para deixar esta vida. Admiro os que não se matam num momento de tensão ou estresse crítico. A morte pelas próprias mãos deve ser um ato refletido, um ato libertador.
VIVER OU MORRER
As pessoas falam muita besteira. Ninguém
pode falar sobre como alguém se sente; nem presumir, pois cada ser reage de uma
maneira a um mesmo problema.
Conheci uma mulher, jovem e bonita, que
assistiu seu filho ser atropelado e morrer. Ficou louca. Mas há mulheres que
superaram – não a dor, mas aprenderam a conviver com ela.
Os humanos (os bichos também) têm reações
nada semelhantes aos outros de sua raça; é que as peças de que fomos feitos,
estão ‘organizadas’ de modo diferente – apesar de projetadas para uma mesma
finalidade. Uma prova do que estou dizendo é: você duvida que há pessoas muito
burrinhas, enquanto outras são inteligentíssimas?
Sair das trevas da ignorância não é para
qualquer um. Um sábio falou, certa vez: “Prefiro um inimigo culto a um amigo
ignorante”.
Bem, você pode argumentar que todo sábio já
foi ignorante. Verdade. Mas um ignorante burro jamais será um sábio; há pessoas
que não conseguem – ou levam tempo demais, para absorver conhecimentos simples
sobre a própria vida. Elas riem da primeira piada depois que o contador acabou
a segunda.
O maior problema dos ignorantes insistentes
é que eles não aprendem; o que lhes foi ensinado desde a infância ou a
juventude tende a permanecer como verdades absolutas; é comum que tenham grande
dificuldade para aceitar outra verdade – o que pode, acredite, levar anos.
Raramente uma pessoa com deficiência de
inteligência comete suicídio. Muitos homens de grande cultura, ao longo dos
tempos, suicidaram-se. O grande escritor Stephan Zweig e o franco-brasileiro
Santos Dumont decidiram, após muita reflexão, acabar com a própria vida. Ambos
tinham boa situação financeira e faziam sucesso. O que aconteceu, então?
Ninguém pode saber, pelo menos não com toda segurança; imagino que tenham
percebido – através do crescimento intelectual, que a vida não é lá essas
coisas. Grandes intelectuais já perceberam que viver é buscar o inalcançável. A
maioria das pessoas só é boa quando lhes faltou oportunidade para fazer
maldades sem risco de serem punidas.
Para os que tiveram uma boa compreensão do
que é a vida, sem expectativas utópicas, viver não é muito engraçado. Só quem
aprendeu – isso é muito raro – a não desejar com sofreguidão aquilo que não
possui, é quem tem a remota possibilidade de estar bem e encontrar prazeres
incríveis, que não dependam de ‘status’ ou dinheiro em demasia.
Aqueles que condenam o suicídio e até falam
dele com horror, não conhecem o verdadeiro significado de dignidade e coragem.
Espero que o leitor não pense que pretendo matar-me. Quem sabe um dia? Mas não
por enquanto.
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