O TEMPO NÃO DÁ
Falo
com a experiência de quem viveu e acompanhou a revolução cibernética dos
últimos 50 anos. Quem pensou que as novas máquinas iriam nos deixar com mais
tempo disponível, estava equivocado. Bem, pelo menos um pouco equivocado. As
tarefas diárias realmente passaram a ser realizadas numa fração do tempo
habitual. As pessoas finalmente trabalhariam menos e haveria tempo para fazer
outras coisas. Coisas como ir ao cinema, voltar cedo pra casa, ler um bom
livro, tirar mais meia hora para o almoço, dar atenção aos filhos, enfim, essas
‘bobagens’ que só os com mais de 50 anos experimentaram, num passado não tão
distante.
Mas o
homem não percebeu a cilada preparada por ele mesmo para si próprio. “Está
sobrando tempo? Então vamos aproveitar para aumentar a produção e ganhar mais
dinheiro. De quebra, demitimos funcionários e aliviamos nossa folha de
pagamento”. Uma coisa puxa outra, e surgiram novas frentes de trabalho,
obrigando todo mundo a estudar mais. Hoje o indivíduo tem que ser especialista
em alguma coisa. Um dentista não é mais o que você sabia sobre os dentistas.
Num mesmo tratamento, é possível que três metam a mão na sua boca, pois cada um
deles faz apenas uma pequena parte do tratamento, de acordo com sua (dele)
especialidade.
Um
telefone não é mais apenas um telefone. É multifuncional e serve pra tanta
coisa que você vai ter que fazer um curso para aprender a mexer nele – duvido
que dê para aprender lendo o manual de instruções do ‘bicho’.
Cursos, cursos, cursos e mais cursos. Seus filhos estão condenados a
estudar para o resto das suas vidas. Foi suprimida aquela felicidade que o
formando sentia ao terminar seus estudos. Não há mais vida para aproveitar.
Tudo que você fizer, deverá obedecer a um planejamento e é proibido cometer
erros de escolha. Resumindo: a tecnologia é a maior produtora de escravos,
condenados a não poder viver até o fim dos seus dias. É por isso que a libido
está desaparecendo e tanta gente recorre a produtos inventados pela indústria
farmacêutica para conseguir dar uma simples... Você sabe.
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