2a intenção (04-06)
Cada indivíduo fala de
um jeito único. À falta de coragem para verbalizar o verdadeiro pensamento
chamamos de diplomacia. Mas
isso não é tudo: todos querem aparentar uma personalidade diferente da
verdadeira. Tentar ‘parecer’ agradável, conciliador, zangado, ou mesmo falar
difícil para impressionar, requer algum treino. Por trás de tudo que é dito ou
escrito há (quase) sempre uma segunda intenção - mesmo que seja a de esconder
ou suavizar a ideia principal - que causa tantos mal-entendidos.
Esta coluna pretende traduzir, para o fácil entendimento,
frases proferidas por pessoas diversas e em ocasiões distintas,
preferencialmente as celebridades, ou, podemos chamar de pessoas conhecidas,
mesmo que conhecidas por sua insensatez.
Pessoas comuns também
tentam ‘enganar’ seus interlocutores. Um exemplo? Filho ou filha que, falando
sobre seus pais, dizem: “Mamãe é maravilhosa, só que um pouco difícil de
lidar”; o que o autor da frase quis dizer, na realidade, foi: mamãe é uma
chata, implicante e desagradável. Mas seria essa uma maneira politicamente
correta de falar sobre sua genitora? O que os outros iriam pensar de você?
Outra frase comum é o filho dizer que o pai sempre foi muito rigoroso, e até cometeu
alguns excessos; tradução: papai era um ditador, que baixava o cacete quando
era desobedecido.
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Lula disse: “Aproveitem e reivindiquem no meu governo”. Tudo indica – pelo contexto - que ele
dirigia-se aos Sem-Terra, que agem como bandidos, invadindo, saqueando,
pilhando e provocando mortes com sua violência descontrolada. Seu recado é:
Continuem com a baderna, que eu garanto a impunidade. “Ah, não esqueçam de
votar em mim”.
Hebe Camargo, antes do
câncer:
“Vodca é um perigo, apaga tudo. Você
pode fazer barbaridades”. A mais entendida tradução dessa afirmativa da apresentadora é:
Vodca dá um porre... Você perde o controle e faz todo tipo de sacanagem. Sei
por experiência própria.
Chico Buarque, em 2006, sobre drogas: “... a violência do narcotráfico produz muito
mais vítimas que um hipotético controle de seu comércio e consumo”. Parece que a unanimidade nacional gastou seu estoque de coragem nos tempos da
ditadura militar. O que ele quis dizer é que é favorável à venda de drogas,
tudo legalizado. Faltou assumir.
Vinícius Abrão, advogado do estilista Rogério
Figueiredo, disse ter doado a uma ex- primeira-dama de São Paulo 400 vestidos:
“Ele não sabe quantificar o número de
peças. Nem ‘cerca de’. Muito menos a regularidade”. O que faz a OAB com um advogado que
declara que seu cliente é um irresponsável, um retardado que não sabe fazer
conta de somar? Bem, foi o que todo mundo entendeu.
Bill Gates, dono da Microsoft para o presidente da
China: “Se o senhor precisar de ajuda
para usar o Windows, terei prazer em colaborar”. Colaborar, neste caso, não é a palavra
adequada; mais certo seria dizer: se a China quiser comprar nossos produtos,
estou pronto para dar um desconto especial e fornecer – ainda que embutida no
preço – toda a didática que seu povo precisar.
Lula - referindo-se ao achaque perpetrado pelo senhor Evo Morales à
Petrobrás e ao Brasil -, ao afirmar que o “pobre povo boliviano têm o direito de fazer o que quiser com sua única
fonte de riquezas”, quis, na verdade, dizer:
Esse índio cretino me pegou de calças curtas; eu não sabia – para
variar, eu nunca sei de nada – que dependíamos tanto do gás boliviano.
Preta Gil, ao perceber que foi muito comentada a declaração da cantora
Ana Carolina – e não querendo ficar atrás - sobre sua própria bi-sexualidade: “Numa boa, se ela é bi, eu sou penta”.
Consultei vários
especialistas em sexo e ninguém soube explicar o que, exatamente, é ser ‘penta-sexual’.
Um deles acredita que a filha do ex-ministro (que decadência!) quis dizer que
joga sempre com cinco ‘pintos’. Outro
saiu com esta: essa goleada de 5x2 da Gil sobre a Carolina só pode significar
que ela, fora os dois sexos conhecidos, sai também com... Tô tentando imaginar.
Fernando Henrique Cardoso, sobre o presidente que o substituiu: “Não acho que o Lula seja diferente de um
líder sindical normal do Brasil, desse ponto de vista de tomar umas e outras”.
FHC falou com diplomacia,
mas o que ele quis mesmo dizer é que o nosso presidente é chegado a tomar uns
porres.
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