ARRANHA-CÉUS
Exatamente por não fazer absolutamente nada,
sobra-me tempo para pensar e fazer perguntas – o que, na prática, significa
filosofar. Uma coisa tem chamado minha atenção: para que construir tantos
arranha-céus em toda parte?
Tudo bem, na ilha de Manhattan, com apenas
1.213 km², e todo mundo querendo morar e trabalhar lá, fica impossível a cidade
crescer horizontalmente. Mas o que vemos é cidades pequenas, com poucos
habitantes, exibirem prédios de 30 ou 40 andares. Nessas cidades, não deveria
ser permitido construir mais do que 10 andares. Prédios altos demais causam
muitos problemas e não fazem sentido.
No Brasil, a estupidez é causada pela falta
de planejamento urbano, agravada pela corrupção política e a incompetência de
governos que só pensam “naquilo”.
Outra coisa é que difundiu-se a ideia de que
cidade moderna tem que ter alguns edifícios gigantescos. Aí começam as
aberrações. Um exemplo claro de corrupção é o prédio do Hotel Othon, na avenida
Atlântica, em Copacabana – que não combina com os outros edifícios da orla. Se
não foi corrupção, qual o motivo para ter-se aberto uma exceção?
Arranha-Céus tornam as cidades mais quentes,
com serviços de água e esgoto ineficientes, e mais sujeitas a enchentes. O trânsito fica caótico nas
redondezas, e as ruas sem lugar para estacionar autos. Não somos previdentes
como os ingleses, que construíram seu metrô no século 17, como se soubessem que
a cidade ia crescer tanto. E Londres quase não possui esses edifícios muito
altos, e sua localização obedece um rígido plano de urbanismo. O mesmo se pode
dizer de Paris, Moscou, e tantas outras cidades ao redor do mundo.
Então...? Então somos idiotas completos. Ou
incompetentes. Ou ladrões. Ou tudo isso junto.
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