A INFLUÊNCIA DOS MITOS
Todos somos influenciáveis, uns mais, outros
menos, mas não há exceção. Não fosse assim, não existiria a publicidade – a que
muitos ‘pensam’, estar imunes, o que é um engano. Não esqueça que nos julgamos
melhores e mais fortes do que realmente somos. Raciocine: por qual razão uma
empresa investe milhões em propaganda?
Antes de continuar, recorri ao dicionário
para deixar claro ao meu leitor o sentido que quero determinar para a palavra
‘mito’. Filosoficamente falando, mito “é uma forma de pensamento oposta à do
pensamento lógico e científico”. Também pode ser uma “narrativa na qual
aparecem seres e acontecimentos imaginários que simbolizam forças da natureza
ou aspectos da vida humana”. Pode ser “a imagem simplificada de pessoa ou
acontecimento, não raro ilusória, elaborada por pessoa ou grupos humanos, e que
representa significativo papel em nosso comportamento”.
Como nasce um mito? Muitas vezes do jeito
mais bobo que existe. Alguém conta à outrem como resolveu um problema, de que
tipo for, inclusive de saúde; a partir daí, se o ouvinte ficou convencido,
passa adiante a ‘receita’, não sem exagerar um pouquinho – o exagero, quando
não é percebido, dá credibilidade a prende a atenção de quem ouve. Então, a
expressão popular de que “quem conta um conto aumenta um ponto” atua sobre nós
sem a devida percepção.
Algumas coisas acontecem e nos precipitamos
em afirmar que é ‘geral’, quando, na verdade, pode dar certo em um ou outro
indivíduo. Um exemplo é que café cura ressaca e diminui o estado de embriagues.
Nada disso. O ‘porre’ vai melhorando na medida em que hidratamos nosso
organismo, bebendo, de preferência, muita água. Mas o mito do café continua até
hoje.
Conheci um sujeito que, entre duas doses de
bebida, tomava sempre um copo de água; ele não ficava de pileque nem com
ressaca. Tente fazer isso – pode ser que dê certo com você, como deu comigo.
Técnicas de estudo e aprendizado são outros
mitos que não se devem generalizar, sob o risco de não funcionar. Cada ser se
adapta melhor à determinada condição ou contexto de momento. Eu,
particularmente, prefiro a total solidão para escrever meus textos; sem o risco
de ser interrompido; daí que alguns escritores como Jorge Amado e Chico
Buarque, costumam viajar para ficar sós; não seria simples, para mim, escrever
numa redação de jornal, com toda a movimentação e barulho. Ou com o telefone
tocando a todo momento.
Existem mitos sobre qualquer assunto. Vamos
falar sobre os mitos do amor, já que todo mundo deve ter amado ou estar amando.
“Nunca mentir para o ser amado” – isso é um sofisma, uma falácia. Acredite que
nem nós mesmos conseguimos conviver com nosso modo de ser, pois nunca somos
como gostaríamos – não inteiramente. Se você seguir o mito de falar sempre a
verdade, certamente vai se dar mal. O amor é uma emoção que acaba mais depressa
a medida em que falamos verdades para o ser amado. Sempre.
Comete um equívoco quem pensa que alguma
coisa (ou regra de comportamento) é definitiva. Nada é definitivo. Nem a forma
de pensar, nem qualquer emoção. Até mesmo o nosso paladar muda. Do mesmo modo
que mudam nossos desejos e taras – coisas que são individuais e se transformam
conforme nossa vivência e nossas experiências.
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