O PLANO ‘B’
O escritor Lima Barreto dizia: “O que me
impede de consumar o ato do suicídio é o hábito de viver, é a covardia, é a
minha natureza débil e esperançada”. Pedro Nava, também escritor, suicidou-se. Stefan
Zweig, um dos autores mais vendidos no mundo, optou pelo suicídio. E assim,
outros milhares – da antiguidade aos dias atuais.
Ao contrário do que julgam as pessoas,
intelectuais são campeões do ranking de suicidas justamente por serem mais
lúcidos e conscientes. As religiões cristãs difundiram a ideia de que estamos
aqui para sofrer, e devemos aceitar isso como sendo o destino de toda a
humanidade – só assim seríamos aceitos no “reino de Deus”.
Estaremos então agindo erradamente ao tentar
a felicidade? Devemos nos conformar com tudo de ruim que nos acontece? Então
sermos infelizes é um desígnio divino? Essa é uma ideia estúpida, própria dos
menos esclarecidos.
Quem comete suicídio está insatisfeito com a
própria vida e/ou com o destino da humanidade. Para tirarmos a nossa vida, é
necessário muita dignidade, muita coragem. Eu mesmo já fui um potencial
suicida. Hoje, encaro o suicídio como uma opção pessoal, uma escolha que
fazemos pelo menos uma vez na vida. Ninguém deve ser obrigado a viver infeliz.
A difícil resposta é quando nos perguntamos o
que vem a ser a felicidade. Não existe uma resposta. Qualquer tentativa de
explicá-la é equivocada. Cada ser humano carrega dentro de si um universo de
sentimentos, emoções e mistérios que jamais será conhecido de maneira absoluta.
Não existe a receita mágica. Existem caminhos que podemos seguir, que
escolhidos ou não, podem aumentar ou minorar nosso sofrimento.
Será que a palavra alienação tem algo a ver
com aliens? Meu caminho para ser feliz passa por uma enorme alienação relativa
às coisas que mais afetam os humanos, como poder, amor, dinheiro, amizade ou
qualquer outra emoção. Acaso você acredita mesmo que todo pobre é infeliz? Que
quem não ama ou tem poucos amigos vive mal? Se você pensa assim, significa que
depende dos outros, e, portanto, é um idiota.
Qualquer satisfação, qualquer prazer é
passageiro, sempre cai numa rotina. Para que preocupamo-nos com alegrias
efêmeras? Antigamente eu acreditava que 2 ou 3 coisas me deixariam
completamente realizado. Pois bem, eu tive essas duas ou três coisas e
continuei triste, insatisfeito. Ser bem- apessoado, rico e ter muitas mulheres
não satisfez minha sede.
O que me deixa contente? Observar o próximo e
suas atitudes e reações. O desdém que sinto pelo que me é oposto. Saber que não
dependo de nada nem de ninguém, e saber que sempre posso contar com a arma do
suicídio, quando a vida incomodar. É o meu plano ‘B’, sempre disponível.
Na foto ao lado, o escritor Ernest Hemingwai, um dos mais lidos romancistas do século XX. Como o nosso querido Walmor Chagas, chegou a uma idade que julgou ser o momento de acabar com tudo. Continua a ser admirado até hoje.
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