BOA SORTE
Existe algum sentido em desejar ‘Feliz Ano
Novo’? É simpático, eu sei, mas não é sincero. É como uma gravação que
repetimos dezenas de vezes, sem entretanto transmitir emoção alguma. Muitas
vezes sentimo-nos obrigados a manifestar esses votos, que são completamente sem
sentido.
Detesto que me enviem cartões ou e-mails para
formalizar esse teatro. Nunca os respondo. Nem os leio. Não é incomum que
pessoas que nos detestam ou nos invejem enviem essas mensagens idiotas. Não
existe um ano feliz. Nesse curto período de 12 meses, acontecem coisas boas e
ruins, sem exceção, para pobres e ricos.
Antes de escrever este texto, tentei lembrar
de 2013, como foi para mim. Percebi que as coisas que acontecem num ano, têm
continuidade no ano seguinte. Para o bem ou para o mal.
Imagine que você precisava de um emprego e
conseguiu, digamos, em outubro. Quanta alegria! Só não sabia que a empresa
mudaria de dono nos próximos meses e você seria dispensado. Seus sonhos e
alegrias viram fumaça.
No início de 2013, havia muito otimismo
quanto à solução de alguns problemas antigos. Nada foi resolvido, e os
problemas ficaram ainda mais antigos. Por outro lado, você foi bombardeado por
inimigos que tentaram fazer da sua vida um inferno, mas sobreviveu. No segundo
semestre do ano, alegrias inesperadas compensaram. Compensaram? Não sei. Sempre
que a gente resolve uma situação incômoda, logo aparece outra. Os anos do
calendário sempre são uma mistura de coisas boas e ruins. É como o verso do
Bocage, que o Billy Blanco transformou em música: “O que dá para rir, dá para
chorar”.
O melhor seria desejarmos um ‘bom dia’, por
que a vida é assim, um dia depois do outro. Eu ainda prefiro um ‘boa sorte’,
pois ela é determinante.
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