terça-feira, outubro 15, 2013

RICARDO AMARAL

A foto ao lado é do autor do livro VAUDEVILLE, sobre os tempos em que era fácil fazer fortuna sem estudar. O importante, nessa época, era conseguir ser 'adotado' por algum dono de jornal ou figura importante da república.
 
  VAUDEVILLE
 
  É o título do livro do Ricardo Amaral, uma espécie de narrativa meio biográfica, mas não necessariamente uma biografia. Se fosse, evidente que seria sem muito valor, pois autobiografias são muitas mentiras misturadas com verdades, onde o autor é sempre um herói.
  Mesmo assim, percebe-se nitidamente as preferências pessoais do Ricardo por alguns personagens citados – e olhe que o que não falta é personagem.
 
  Posso dizer, sem medo de errar, que o livro é a ‘fotografia’ de uma época que estava se perdendo na memória de quem viveu nesse tempo e que, aos poucos, morrem às dezenas todos os anos, pela idade avançada.
  Sob esse aspecto, vale à pena comprar o seu exemplar. É bom para quem viveu no final dessa era de ‘sofisticação’, para quem pertenceu ao ‘meio’ em que os acontecimentos ocorreram – vai-se lembrar de muitas coisas que poderiam ser esquecidas.
  Como se fosse a “queda de um império”, onde o narrador nos mostra como foi a ascensão, o apogeu, e o fim de um tempo que nos parece tão longínquo. Sem medo de exagerar, penso ser leitura obrigatória para alunos de Antropologia Social – com foco no nosso Brasil.
 
  Não me referi ao Ricardo como escritor, pois ele não o é. Seu texto é pobre – não pode ser considerado como “literatura”. Sequer há qualquer interpretação dos acontecimentos narrados, exceto em raros momentos em que ele ‘precisa’ elogiar alguém. É coisa de colunista até os dias atuais, do tipo elogiar beleza onde não existe. Interessante observar que esses jornalistas de segunda categoria dividiam-se em duas categorias: os comedores e os ‘bichas’, termo que significa, para os leitores mais jovens, gays.
  Eram de uma pobreza intelectual, típica da mediocridade dos ditadores do comportamento na época. Os “Colunistas Sociais”, em geral iletrados e que podemos considerar como sendo ‘antas espertas’, peões dos donos de jornais que os utilizavam para conseguir sexo fácil, ou para fazer ameaças e chantagens através dos colunistas. Havia raríssimas exceções entre esses ‘profissionais’ que não se enquadravam no biótipo.  
 
  Ricardo Amaral tenta salvar a ‘raça’ quando põe em dúvida a ignorância do colunista Ibrahim Sued – uma ‘anta espertíssima’ que manteve seu estilo burro como se estivesse fazendo charme. Sued foi o exemplar mais gritante desse tipo de gente, mas esperto o bastante para ganhar muito dinheiro com a vaidade alheia.
  Mas basta um raciocínio simplório para entender o sucesso desses idiotas: é só perguntar qual a razão do sucesso dessa sub literatura. Respondo com a seguinte pergunta: “Qual a matéria-prima das notícias?”.  
 
  Para esclarecer a quem não sabe, Ricardo Amaral era colunista social. Depois é que tornou-se “Rei da Noite”. Inteligentíssimo, sagaz, simpático, empreendedor, e um grande ‘papo’. Eu o conheci pessoalmente, mas não tive o privilégio de ser seu amigo, por morar em outro Estado. Mas ajudei-o a ganhar dinheiro. 
  Ainda não terminei de ler o livro – estou apenas na página 100. Qualquer coisa que possa ser acrescentada ao que escrevi neste artigo, voltarei ao tema. Não me arrependo de tê-lo comprado. Estou-me deliciando.
 

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