A foto ao lado é do autor do livro VAUDEVILLE, sobre os tempos em que era fácil fazer fortuna sem estudar. O importante, nessa época, era conseguir ser 'adotado' por algum dono de jornal ou figura importante da república.
VAUDEVILLE
É o título do livro do Ricardo Amaral, uma
espécie de narrativa meio biográfica, mas não necessariamente uma biografia. Se
fosse, evidente que seria sem muito valor, pois autobiografias são muitas
mentiras misturadas com verdades, onde o autor é sempre um herói.
Mesmo assim, percebe-se nitidamente as
preferências pessoais do Ricardo por alguns personagens citados – e olhe que o
que não falta é personagem.
Posso dizer, sem medo de errar, que o livro é
a ‘fotografia’ de uma época que estava se perdendo na memória de quem viveu
nesse tempo e que, aos poucos, morrem às dezenas todos os anos, pela idade
avançada.
Sob esse aspecto, vale à pena comprar o seu
exemplar. É bom para quem viveu no final dessa era de ‘sofisticação’, para quem
pertenceu ao ‘meio’ em que os acontecimentos ocorreram – vai-se lembrar de
muitas coisas que poderiam ser esquecidas.
Como se fosse a “queda de um império”, onde o
narrador nos mostra como foi a ascensão, o apogeu, e o fim de um tempo que nos
parece tão longínquo. Sem medo de exagerar, penso ser leitura obrigatória para
alunos de Antropologia Social – com foco no nosso Brasil.
Não me referi ao Ricardo como escritor, pois
ele não o é. Seu texto é pobre – não pode ser considerado como “literatura”.
Sequer há qualquer interpretação dos acontecimentos narrados, exceto em raros
momentos em que ele ‘precisa’ elogiar alguém. É coisa de colunista até os dias
atuais, do tipo elogiar beleza onde não existe. Interessante observar que esses
jornalistas de segunda categoria dividiam-se em duas categorias: os comedores e
os ‘bichas’, termo que significa, para os leitores mais jovens, gays.
Eram de uma pobreza intelectual, típica da
mediocridade dos ditadores do comportamento na época. Os “Colunistas Sociais”,
em geral iletrados e que podemos considerar como sendo ‘antas espertas’, peões
dos donos de jornais que os utilizavam para conseguir sexo fácil, ou para fazer
ameaças e chantagens através dos colunistas. Havia raríssimas exceções entre
esses ‘profissionais’ que não se enquadravam no biótipo.
Ricardo Amaral tenta salvar a ‘raça’ quando
põe em dúvida a ignorância do colunista Ibrahim Sued – uma ‘anta espertíssima’
que manteve seu estilo burro como se estivesse fazendo charme. Sued foi o
exemplar mais gritante desse tipo de gente, mas esperto o bastante para ganhar
muito dinheiro com a vaidade alheia.
Mas basta um raciocínio simplório para
entender o sucesso desses idiotas: é só perguntar qual a razão do sucesso dessa
sub literatura. Respondo com a seguinte pergunta: “Qual a matéria-prima das
notícias?”.
Para esclarecer a quem não sabe, Ricardo
Amaral era colunista social. Depois é que tornou-se “Rei da Noite”.
Inteligentíssimo, sagaz, simpático, empreendedor, e um grande ‘papo’. Eu o
conheci pessoalmente, mas não tive o privilégio de ser seu amigo, por morar em outro Estado. Mas ajudei-o a ganhar dinheiro.
Ainda não terminei de ler o livro – estou
apenas na página 100. Qualquer coisa que possa ser acrescentada ao que escrevi
neste artigo, voltarei ao tema. Não me arrependo de tê-lo comprado. Estou-me
deliciando.
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