quinta-feira, outubro 24, 2013

AMORES DO NOSSO PASSADO

O amor se veste com fantasias diferentes. Mas entrar numa roubada mesmo, é tentar ressuscitar um amor do passado. Se dois idiotas não se entenderam antes, a chance de se entenderem agora é de uma em cinquenta milhões.
 

  AMORES DO PASSADO
 
  Um amor antigo, só para contrariar quem pensa diferente, nunca acaba, apenas adormece. Não importa o tamanho desse amor. Mas o que é o amor? Para mim, é a fantasia da imaginação em torno da relação com alguém por quem você teve uma forte atração sexual. Mesmo um amor platônico – ou quase platônico.
 
  Um amor é feito de detalhes. Cada amor tem seus componentes causadores únicos. Quando a paixão se apodera de alguém, ela quer tudo. Quer conhecer a vida e o passado do outro, quer conhecer os ‘vícios’ sexuais, quer sentir que exerce um, digamos, poder sobre o objeto amado. Bobagem. Nunca alguém penetra tão fundo em outra alma. Nem usufrui ou extrai de tudo que o ser amado pode oferecer; é que cada momento é único, cada fase da vida é única, e todos nós mudamos.
 
  Fazer sexo com alguém depois de 10, 15 ou 25 anos, será totalmente diferente do que foi. Ambos cresceram – ou diminuíram, não importa, mas, pode crer, mudaram os conceitos, a ‘pureza’ deu lugar à luxúria. No entanto, num reencontro, é comum a preocupação de pelo menos tentarmos ser o mais parecidos com o que nossas boas lembranças alcançam. Não vai ser possível retomar do ponto em que houve a ruptura.
 
  As lembranças são traidoras da memória. A mesma emoção, nunca mais. Costumamos esquecer das partes ruins, e até encontramos explicações para justificar erros passados – os nossos e do outro.
  Uma conquista é inseparável da representação do que queremos parecer. Ninguém sequer é como pensa que é.
  Tive inúmeros reencontros com meu passado; alguns foram agradáveis, outros nem tanto, e posso garantir que a realidade hoje é diferente; a ‘fila’ andou, e nada nos satisfez. Nessa hora queremos tentar de novo com alguém que ‘poderia ter sido’.
 
  As pessoas mudam de atitudes e até o modo de compreender as coisas, mas não mudam a própria personalidade. Um aventureiro sempre será um aventureiro. Um sujeito pacato, será sempre pacato. Quem foi vítima do excesso de testosterona, continuará sendo. Essas coisas não mudam. Somos ‘cobras’, agora criadas, que apenas aprendemos a esperar a hora de dar o bote. Não é por mal, é por instinto. Os humanos são instintivos, sempre; a diferença é que aprimoramos a arte de representar.
 
  Minha conclusão é que não adianta tentar voltar no tempo. Pode ser que um amor que foi platônico possa dar certo; nunca um amor que sofreu uma ruptura temperamental.
 

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