O velho e a menina. Um filme no qual Marlon Brando causou inveja em todos os homens e mulheres. Nessa época, algumas situações ainda eram consideradas imorais.
A VIDA É MESMO COMPLICADA
(Um
conto erótico, com muita luxúria e incesto – verdadeiro ou não?)
Dia desses, ouvi uma confidência que só não
me deixou abalado por que nada mais me abala, nada me espanta, nada me assusta
ou surpreende – não em matéria de comportamento humano. Já vi de tudo. Bem,
quase de tudo. Para ver tudo eu precisaria de três existências longas. Assim
mesmo... Mas vamos ao que interessa: a confidência.
Reencontrei casualmente, um amigo de
juventude, que foi muito amigo. Éramos confidentes de nossos problemas. Nossas
complicações eram iguais às complicações de todos os jovens da nossa idade. A
vida nos levou para caminhos opostos e ficamos décadas sem nos ver. O
interessante é que nosso encontro inesperado fez com que sentíssemos como se
nos tivéssemos visto na véspera. A amizade era a mesma. Isso pode ter
acontecido com você, leitor. Não é tão incomum.
Vou tentar ser o mais fiel possível à
narrativa do meu amigo, que era um tremendo comedor e pertencia à classe média
alta. Resumirei.
- Eu estava
em casa – ele disse - numa tarde serena e calma. Estava só e pensava o que iria
fazer da vida, que acabara de ter uma reviravolta. Pretendia viajar para
comemorar meus sessenta anos. Nesse tempo, eu ainda acreditava nas pessoas. O
telefone tocou e eu não estava com vontade de falar com ninguém; quase não
atendi.
- Quem era?
- Perguntei ansioso, pois sabia que meu amigo só mentia quando havia
necessidade, e não era o caso.
- Uma
mulher jovem - Percebi pela voz, continuou meu amigo. - Perguntou por mim, e
disse que era filha de uma ex-colega de faculdade. Mas o pior estava por vir:
ela falou o nome da mãe e disse ser minha filha.
- Putz! –
Exclamei. – Pensei que isso só acontecia em filme.
- Pois é...
- Continuou meu amigo. - Fiquei mudo! Comecei a suar frio. Não conseguia falar.
Qualquer mente, por mais rápida que seja, precisa de um tempo para organizar as
ideias e voltar ao passado.
- Namoraste
a mãe dela?
- Nunca!
Não era do meu nível – respondeu.
- Mas
então...?
- Comi, duas
vezes, mais por pena. Era uma, digamos, pilantra que já era mãe solteira. Eu
pensava que ela não repetiria a bobagem. – Falou meu amigo, a vítima. - Fiquei
na dúvida, sobre a veracidade daquelas palavras, mas a voz era gostosa e a moça
sabia conversar, era envolvente, inteligente até demais. Ficamos um tempão
falando ao telefone. Combinamos que nos falaríamos outra vez.
- E aí?
- Vou
sintetizar, ele falou. Não sabia como ela era, mas gostava de conversar com
ela. Talvez se eu não estivesse com tantos problemas na vida pessoal, teria
agido de maneira diferente, mas eu estava frágil. Vi na situação uma
possibilidade de fuga da realidade. Disse-me ser casada e não ter filhos –
continuou.
E aí? – Era
só o que eu sabia dizer.
- Foi aí que
ela falou em viajar para me conhecer, e viria ao meu encontro na minha cidade.
Não achei uma boa ideia, pois ela insinuou, sutilmente, que poderia ficar na
minha casa – dizendo que tinha onde ficar, e me deixando numa saia justa.
- Cara, eu
disse ao meu amigo, parece novela!
- Pior,
novela mexicana ou filme de Bollywood.
- Ela veio?
– Perguntei.
- Pensei
uns dias e decidi ir até onde ela estava. Não ia meter na minha casa uma
estranha, apesar de encantadora, aparentemente. Combinamos e eu fui, um ou dois
meses depois. Como ela morava “onde não mora ninguém”, nos encontraríamos na
casa da mãe dela, onde acabei ficando hospedado. Fui, é claro, muito bem
recebido. Mas elas eram matreiras. Quatro dias depois, totalmente envolvido por
tanto carinho – eu me sentia feliz -, me vi num cartório reconhecendo a
paternidade.
- Sem fazer
exame de DNA? – Perguntei.
- Eu sei
que fiz besteira, mas... Estávamos dormindo na mesma cama, todas as noites,
aparentemente encantados um pelo outro. Era cama de solteiro, e ficávamos
coladinhos. Ela se esfregava em mim, sutilmente, e fiquei excitado. Tentei
reprimir, mas estava difícil. Eu estava gostando.
- E a mãe
dela? – perguntei.
- Deixava
tudo acontecer debaixo do seu teto. Pior, a louca (falo da mãe) tentou-me
seduzir. Mas não funcionou.
- Cara, nunca
ouvi uma história assim... – Falei estupefato.
- Foi
inevitável que passássemos a nos acariciar no corpo todo. Ela tinha a pele mais
durinha e macia que eu já experimentara. Estava eu me apaixonando? Sua bundinha
era um sonho. Dormíamos com as coxas entrelaçadas. Enlouqueci. Gozava todas as
noites. Apesar das suspeitas de que ela não era minha filha, nada mais me
importava. Queria que ela fosse morar comigo, mas havia um marido no meio. A
carne é fraca – isso é uma verdade. E eu não gostava de mulheres jovens demais
para minha idade. Mudei de ideia.
Ouvindo a narrativa do meu amigo, comecei a
ter uma ereção, que tentei disfarçar. Então perguntei: “A festa acabou por
quê?”
- Bem, tudo
que é muito bom, dura pouco, né!? O marido era um sacana, que tinha aventuras na
maior cara-de-pau – segundo ela me contou. Foi aí que me precipitei, fui
imaturo. Sugeri que ela largasse o marido e fosse embora comigo.
- E...?
- Ela não
topou, e reagiu como se eu tivesse feito a proposta mais indecente, repugnante.
Ela gostava do marido e não se incomodava de ser corna. Passou a me hostilizar
e foi dormir na própria cama. Nunca fiz o exame de DNA.
THE END.
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