terça-feira, novembro 27, 2012

SOMOS O QUE SOMOS IV

- Tudo bem, mãe, vamos trocar. Eu como a cenoura e não vou pra escola amanhã, topas?


 
     TODOS TÊM UM PREÇO
 
     “Eu não estou à venda”. Impossível que você não tenha ouvido essa frase, ou outra com palavras diferentes e o mesmo significado. Engraçado é que todos tufam o peito e levantam o queixo para falar com muito orgulho. Mentira tão grande como essa só a do sujeito que diz não mentir. Nenhuma das duas afirmações resiste a uma leve investigação ou teste. Tudo que possuímos está, sim, à venda, mesmo que ainda não saibamos.
 
     Para entender melhor este raciocínio lógico, é preciso deixar claro que nem tudo se compra com dinheiro. Uma boa indicação pode trazer um retorno e tanto. É aquela máxima de que “uma mão lava outra”. Fidelidade é um comportamento raro, pois só funciona enquanto for conveniente. Conheci muitas mulheres que trocaram seu corpo por uma promoção no emprego. Então ficamos combinados: A moral praticada por homens e mulheres só resiste até o nosso preço, absurdo ou não, ser alcançado. Há pessoas que nunca (será mesmo?) se venderam porque não tinham nada para vender. Ninguém entra em uma loja com prateleiras vazias.
 
     Nelson Rodrigues, nosso filósofo do dia a dia, já decretou que “o dinheiro compra tudo, até o amor sincero”. Parece piada? Pode acreditar que não é. São palavras de sabedoria, simples constatações do cotidiano. Como já falei acima, há casos em que a moeda de troca não é dinheiro, mas algo que desejamos alcançar, que tanto pode ser uma oportunidade de mostrar que somos capazes.
 
     Quando o filme “Proposta Indecente” escandalizou e criou polêmicas, ouvi muitas piadas, até homens dizerem que por muito menos de um milhão de dólares eles ‘dariam’ para o Robert Redford. Só piada? Não sei não. Uma coisa, no entanto, é certa: a moral humana rema contra os nossos desejos. Você ficaria surpreso se fosse um bilionário. Receberia ofertas inacreditáveis.
 
     Kent, filósofo alemão que disse que trocar sexo por dinheiro é degradante. Nem sempre. Há casos e casos. Falou também que “O homem não pode dispor de si próprio como se fosse uma coisa. Ele não é sua propriedade”. Se você não é proprietário de você mesmo, então a quem você pertence? Acaso é um escravo da vontade da maioria burra? Como ser pensante e com vontade própria, a mulher é dona absoluta do seu corpo. As leis que proíbem que ela faça aborto são a maior estupidez que existe. Não há argumento que derrube a ideia de que o indivíduo é o que opta por ser. “Meu dono sou eu”.

 

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