sábado, novembro 17, 2012

SER ALEGRE CUSTA POUCO


Se estar assim juntinho de alguém que você ama não for o bastante para lhe fazer feliz, tente conversar sobre o dia em que serão muito ricos. A simples expectativa de uma remota probabilidade, para alguns, é a própria felicidade. 



O VALOR DAS COISAS

 
     Quando era criança, ouvi uma história de um homem que estava morrendo de sede no deserto, e levava consigo – bem escondido - um baú com joias valiosíssimas. Ao encontrar um viajante, pediu-lhe uma jarra de água. O viajante prontificou-se a dar-lhe, mediante o pagamento de duas moedas de ouro, que ele recusou. O homem com a água foi-se. Arrependido, voltou no dia seguinte e encontrou o outro morto. Revistou-lhe as sacolas e achou o rico baú. O que estou querendo dizer é que o valor das coisas muda, conforme a necessidade do momento. Na cidade, um copo de água custaria bem menos que sob o sol escaldante do deserto. Mas o homem que morreu era muito apegado ao seu baú, e ficou esperando outro milagre, outro viajante. Esse é o problema que aflige todos os que não sabem quando devem gastar e quando devem guardar.
 
     É importante levar em consideração o valor que cada coisa tem para cada pessoa. Um tapete, para muitos, não passa de um acumulador de poeira; para outros, uma obra de arte; para a maioria, é apenas um tapete, que vai compor a decoração de um ambiente. Infelizmente não somos educados para querer o que está ao nosso alcance. Enquanto os homens preferirem o carro do vizinho, ou a sua mulher, ou a sua casa, eles cometerão todos os crimes para conseguir o que desejam.
 
     Imagine uma situação em que todos os automóveis de uma cidade sejam Mercedes Benz. Aí chega um cara dirigindo o seu pequeno Fusca. Esse é o carro que vai chamar atenção e será valorizado – porque é único. Os humanos adoram ter o que ninguém mais tem. Será que isso os torna melhores ou mais felizes? Por quanto tempo? Toda felicidade do mundo está ao alcance da nossa competência e sorte. De que adiantará eu querer alcançar uma posição para a qual não estou preparado? Nossos desejos devem estar de acordo com o contexto em que vivemos. Mudar nossas necessidades é ser sábio. Insistir no improvável é o mesmo que pedir ao surdo sua opinião sobre uma melodia.  

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