O
VALOR DAS COISAS
Quando era criança, ouvi uma história de
um homem que estava morrendo de sede no deserto, e levava consigo – bem
escondido - um baú com joias valiosíssimas. Ao encontrar um viajante, pediu-lhe
uma jarra de água. O viajante prontificou-se a dar-lhe, mediante o pagamento de
duas moedas de ouro, que ele recusou. O homem com a água foi-se. Arrependido,
voltou no dia seguinte e encontrou o outro morto. Revistou-lhe as sacolas e
achou o rico baú. O que estou querendo dizer é que o valor
das coisas muda, conforme a necessidade do momento. Na cidade, um copo de água
custaria bem menos que sob o sol escaldante do deserto. Mas o homem que morreu
era muito apegado ao seu baú, e ficou esperando outro milagre, outro viajante.
Esse é o problema que aflige todos os que não sabem quando devem gastar e
quando devem guardar.
É importante levar em consideração o valor
que cada coisa tem para cada pessoa. Um tapete, para muitos, não passa de um
acumulador de poeira; para outros, uma obra de arte; para a maioria, é apenas
um tapete, que vai compor a decoração de um ambiente. Infelizmente não somos
educados para querer o que está ao nosso alcance. Enquanto os homens preferirem
o carro do vizinho, ou a sua mulher, ou a sua casa, eles cometerão todos os
crimes para conseguir o que desejam.
Imagine uma situação em que todos os
automóveis de uma cidade sejam Mercedes Benz. Aí chega um cara dirigindo o seu pequeno
Fusca. Esse é o carro que vai chamar atenção e será valorizado – porque é
único. Os humanos adoram ter o que ninguém mais tem. Será que isso os torna
melhores ou mais felizes? Por quanto tempo? Toda felicidade do mundo está ao
alcance da nossa competência e sorte. De que adiantará eu querer alcançar uma
posição para a qual não estou preparado? Nossos desejos devem estar de acordo com o
contexto em que vivemos. Mudar nossas necessidades é ser sábio. Insistir no
improvável é o mesmo que pedir ao surdo sua opinião sobre uma melodia.
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