Para os humanos, não basta ser. Queremos
ser ‘mais’ que os que nos cercam. E quase sempre, ser implica em ter. Ter o
quê? Não importa, desde que seja mais de qualquer coisa. Estamos contentes
enquanto nosso vizinho possui um automóvel mais velho e mais barato que o
nosso. As coisas mudam quando ele compre um carrão. Se pudermos, compraremos um
mais novo e mais caro. Caso contrário, nossa simpatia transforma-se em
suspeitas, raiva, inveja, e até mesmo calúnias sobre como ele conseguiu
dinheiro para comprar o objeto que tanto nos humilha.
É a famosa inveja, qualidade que felizmente
não temos, mas que imputamos ao nosso próximo com a maior desfaçatez. Atribuo
isso a um defeito de fabricação. Fomos mal feitos. Pena que não podemos
simplesmente entrar numa oficina e fazer um recall. E se pudéssemos, não
faríamos por um único motivo: nossos defeitos são muito pequenos; não valeria a
pena. Mas essa oficina seria perfeita para melhorar quem nos cerca.
A triste constatação é que somos
estimulados a pensar assim pelas nossas mamães, cuja vaidade as impede de ver
nossas imperfeições. Afinal, carregamos seus genes ‘perfeitos’ e somos a continuidade
da sua existência. Imagine uma criança de até seis anos que ouve histórias de
contos de fadas e é chamada pelos pais de “minha princesinha”. Seria exigir
muito da sua cabecinha que ela não acreditasse ser de fato uma princesa –
melhor que as outras crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário