SABEDORIA POPULAR
Você acredita mesmo que o povo é sábio? Se acreditar, só podem ser duas
as fontes que abasteceram sua crença: meteram essa idéia absurda na sua
cabecinha quando ainda era criança, ou você é uma anta. Prefiro crer que o
‘seu’ caso seja o primeiro – o que quer dizer que o segundo não foi de
nascença.
O endeusado dramaturgo William Shakespeare, que viveu há 500 anos, tem
uma peça chamada “Bem Está o Que Bem Acaba”. Coitado do William, não sabia de
nada. Hoje é leitura de intelectuais, mas no seu tempo era popular – escrevia
para o Zé Povinho. Naquela época, o moço já preconizava essas idéias pobrezinhas
que simplificavam perigosamente o pensamento do povo analfabeto daquele tempo. Nada acaba enquanto há vida. Julieta e Romeu
se amaram por toda a vida porque morreram logo, ainda adolescentes. Quem
colaborou para o triste fim dos amantes? Nosso velho e conhecido vilão, um
padre, que teve idéia de jerico. O ‘padreco’ esqueceu o imponderável, que
responde pela maioria dos nossos infortúnios desde que o homem apareceu na
Terra.
Alguns espertinhos inventaram os livros de auto-ajuda, para você
alcançar o sucesso. Chamo-os assim por serem os únicos beneficiados por você
ser tolo e comprar os livros deles. A
sabedoria popular é fruto de generalizações e de raciocínio simplificado. Algumas
frases são bem construídas e atraem seguidores, mais pela semântica do que pela
lógica. Uma das mais fantásticas é a
que recomenda “Siga seu coração”. Faça isso sem pesar muito bem os prós e
contras, e depois aguente as consequências. O coração sempre nos enganou e não
merece confiança, nem mesmo para uma simples ‘primeira impressão’.
Resumindo: Não existe burrice maior que a sabedoria popular.
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