sexta-feira, abril 27, 2012


   SABEDORIA POPULAR

   Você acredita mesmo que o povo é sábio? Se acreditar, só podem ser duas as fontes que abasteceram sua crença: meteram essa idéia absurda na sua cabecinha quando ainda era criança, ou você é uma anta. Prefiro crer que o ‘seu’ caso seja o primeiro – o que quer dizer que o segundo não foi de nascença.

   O endeusado dramaturgo William Shakespeare, que viveu há 500 anos, tem uma peça chamada “Bem Está o Que Bem Acaba”. Coitado do William, não sabia de nada. Hoje é leitura de intelectuais, mas no seu tempo era popular – escrevia para o Zé Povinho. Naquela época, o moço já preconizava essas idéias pobrezinhas que simplificavam perigosamente o pensamento do povo analfabeto daquele tempo.  Nada acaba enquanto há vida. Julieta e Romeu se amaram por toda a vida porque morreram logo, ainda adolescentes. Quem colaborou para o triste fim dos amantes? Nosso velho e conhecido vilão, um padre, que teve idéia de jerico. O ‘padreco’ esqueceu o imponderável, que responde pela maioria dos nossos infortúnios desde que o homem apareceu na Terra.

   Alguns espertinhos inventaram os livros de auto-ajuda, para você alcançar o sucesso. Chamo-os assim por serem os únicos beneficiados por você ser tolo e comprar os livros deles.  A sabedoria popular é fruto de generalizações e de raciocínio simplificado. Algumas frases são bem construídas e atraem seguidores, mais pela semântica do que pela lógica. Uma das mais fantásticas é a que recomenda “Siga seu coração”. Faça isso sem pesar muito bem os prós e contras, e depois aguente as consequências. O coração sempre nos enganou e não merece confiança, nem mesmo para uma simples ‘primeira impressão’.

   Resumindo: Não existe burrice maior que a sabedoria popular.

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