O
ANTIDEPRESSIVO
Depressão é a doença do momento. É um
imposto que nos é cobrado por vivermos neste século. O "vírus" da
depressão ataca homens e mulheres, ricos e pobres, feios e bonitos, jovens e
velhos, solteiros e casados, viados ou não. Terapeutas que fazem análise custam muito
dinheiro. São tratamentos demorados, cujo resultado não é garantido. E pode
viciar tanto como certos medicamentos. Há pessoas que não resolvem o mais
simples e corriqueiro problema sem consultar o seu analista.
Quem acordou bem disposto e pegou o
jornal para ler, viu o horóscopo, que não tem problema - porque você só
acredita se as previsões forem boas. Depois
foi para os quadrinhos, as charges, as crônicas, a programação de lazer, a
política – que serve para dar boas gargalhadas, desde que você não reflita
muito sobre a triste realidade. No caderno de esportes, tome cuidado com o
futebol. Leia tudo sobre o campeonato espanhol, torça pelos brasileiros que
brilham lá. Deixe de lado os times brasileiros. Jogador brasileiro só é bom
quando está lá fora.
A contra-indicação é o caderno de economia. Não leia. Nunca! Estou com ele aqui na minha frente. Não pude
evitar. São os riscos da profissão. A
primeira manchete trata da "Matemática perversa dos juros", e nos
mostra o quanto somos roubados pelos banqueiros. E pelo governo também, que
pratica essa política de juros criminosa. As fusões, efeito da globalização,
fazem que o número de bancos diminua. Quantos menos (bancos) houver, menor a
concorrência, mais caro será o juro. Já preocupado, vai para a página seguinte.
"A previdência é hoje como um barco cheio de craca", declara o
secretário do tesouro nacional. E prossegue: "O Banco Central tem que
conter a inflação, doa a quem doer". Dá pra adivinhar em quem vai doer?
Melhor dizendo, no ‘que de quem’ vai doer?
Já não muito animada, a próxima vítima (da depressão) passa para a página
do lado. Está escrito: "Funcionário 'workaholic' está fora de moda". Mas até pouco tempo esse era o funcionário
ideal, paparicado pelas empresas – pensa aflito. Vire a página, e uma
novidade que ninguém tinha
percebido: 'A telefonia no Brasil vai mal'. As companhias se queixam do lucro
pequeno. “Uma empresa terá que desaparecer, para diminuir a concorrência, e as
que sobrarem, formarão um cartel para aumentar os lucros”.
Finalmente uma boa notícia. 'O PIB
cresceu'. Mas trata-se do PIB da 'Vila Mimosa', antro da baixa prostituição. Será que faz sentido esse assunto ser
tratado no caderno de economia? – indagou nosso já cabisbaixo leitor. O
bom senso lhe diz que faz. Afinal, sexo é um negócio bem antigo.
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