ELEITOR BRASILEIRO
A entrevista transcrita a seguir só
deixa dúvidas em mim. Não sei se o eleitor brasileiro é cínico, burro,
ignorante, aproveitador, ingênuo, religioso, inteligente, ou se estes e outros
ingredientes foram misturados e batidos no liquidificador do cérebro. Duvido
que o DNA desse tipo esdrúxulo seja desvendado nos próximos 100 anos.
Capeta - Você está
feliz com a recuperação do ex-presidente Lula?
Eleitor – Recuperação?
Ele recuperou a presidência?
Capeta – Estou falando
da saúde do homem.
Eleitor - Ouvi dizer
que ele tinha a mesma coisa que o Chávez, só que em outro lugar. Ele está
curado?
Capeta – Bem, curado
não se pode dizer ainda. Só daqui a cinco anos. Mas o tumor foi extirpado. Ele
agora está tendo aulas com fonoaudiólogos, para voltar a falar bem.
Eleitor – É verdade, ele
sempre falou bem. Adorava os discursos que ele fazia. Até decorei trechos de
alguns... Não decorava inteiros por serem muito longos, como os do Fidel
Castro. O português sempre foi perfeito.
Capeta – Então o amigo
o considera um grande orador?
Eleitor – Ah, isso é
difícil dizer; ele rezava muito?
Capeta – Bem, vamos
mudar de assunto. O que você acha da política econômica adotada por ele?
Eleitor – Olha, dar dinheiro para quem não tem é política
econômica? Se for isso que você perguntou, eu estou de acordo. Hoje todo mundo
é classe média.
Capeta – Todo mundo é
exagero...
Eleitor – Ele foi muito
inteligente. Se nosso povo não conseguia ser dessa tal classe média, ele baixou
a dita até o nível da maioria. Como disse Machado de Assis: Se você não
consegue chegar à classe média, traga a classe média até você. Muito esperto.
Capeta – Machado de
Assis disse isso?
Eleitor – Foi ele ou algum outro cara importante. Não lembro
bem...
Capeta – Sua cultura me
impressiona.
Eleitor – Isso eu devo ao Lula, que obrigou todos os jovens
a freqüentar aulas.
Capeta – Ele só
esqueceu de melhorar a escola, né?
Eleitor – É verdade.
Algumas precisam de telhado, outras de carteiras... A culpa é dos prefeitos que
economizam cada tostão que o governo federal manda para o município.
Capeta – E a saúde
pública? E o caso dos ‘vampiros”?
Eleitor – A saúde publica está indo bem, exceto
alguns casos pontuais, aqui e ali. Nada que seja difícil consertar. Quanto aos
‘vampiros’, me admiro de você acreditar na lenda do Conde Drácula. Eles não
existem.
Capeta – Vou ter que
encerrar esta esclarecedora entrevista. Estou começando a entender o eleitor
brasileiro. Levarei uns dois anos para digerir o que o amigo disse.
Eleitor – Dois anos? Procure um médico. Seu sistema
gástrico não está nada bem.
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