segunda-feira, abril 02, 2012

A ENTREVISTA


   ELEITOR BRASILEIRO

   A entrevista transcrita a seguir só deixa dúvidas em mim. Não sei se o eleitor brasileiro é cínico, burro, ignorante, aproveitador, ingênuo, religioso, inteligente, ou se estes e outros ingredientes foram misturados e batidos no liquidificador do cérebro. Duvido que o DNA desse tipo esdrúxulo seja desvendado nos próximos 100 anos.
 
Capeta - Você está feliz com a recuperação do ex-presidente Lula?
Eleitor – Recuperação? Ele recuperou a presidência?
Capeta – Estou falando da saúde do homem.
Eleitor - Ouvi dizer que ele tinha a mesma coisa que o Chávez, só que em outro lugar. Ele está curado?
Capeta – Bem, curado não se pode dizer ainda. Só daqui a cinco anos. Mas o tumor foi extirpado. Ele agora está tendo aulas com fonoaudiólogos, para voltar a falar bem.
Eleitor – É verdade, ele sempre falou bem. Adorava os discursos que ele fazia. Até decorei trechos de alguns... Não decorava inteiros por serem muito longos, como os do Fidel Castro. O português sempre foi perfeito.
Capeta – Então o amigo o considera um grande orador?
Eleitor – Ah, isso é difícil dizer; ele rezava muito?
Capeta – Bem, vamos mudar de assunto. O que você acha da política econômica adotada por ele?
Eleitor – Olha, dar dinheiro para quem não tem é política econômica? Se for isso que você perguntou, eu estou de acordo. Hoje todo mundo é classe média.
Capeta – Todo mundo é exagero...
Eleitor – Ele foi muito inteligente. Se nosso povo não conseguia ser dessa tal classe média, ele baixou a dita até o nível da maioria. Como disse Machado de Assis: Se você não consegue chegar à classe média, traga a classe média até você. Muito esperto.
Capeta – Machado de Assis disse isso?
Eleitor – Foi ele ou algum outro cara importante. Não lembro bem...
Capeta – Sua cultura me impressiona.
Eleitor – Isso eu devo ao Lula, que obrigou todos os jovens a freqüentar aulas.
Capeta – Ele só esqueceu de melhorar a escola, né?
Eleitor – É verdade. Algumas precisam de telhado, outras de carteiras... A culpa é dos prefeitos que economizam cada tostão que o governo federal manda para o município.
Capeta – E a saúde pública? E o caso dos ‘vampiros”?
Eleitor – A saúde publica está indo bem, exceto alguns casos pontuais, aqui e ali. Nada que seja difícil consertar. Quanto aos ‘vampiros’, me admiro de você acreditar na lenda do Conde Drácula. Eles não existem.
Capeta – Vou ter que encerrar esta esclarecedora entrevista. Estou começando a entender o eleitor brasileiro. Levarei uns dois anos para digerir o que o amigo disse.
Eleitor – Dois anos? Procure um médico. Seu sistema gástrico não está nada bem.

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