FAZENDO NADA
As duas palavrinhas do título deste artigo
parecem um contra-senso. Pode-se fazer
nada? Pior, podemos fazer nada, bem
e com qualidade? Seria ótimo se quem pretende seguir carreira compreendesse
que “fazer nada requer dedicação e
conhecimento”. Fazer absolutamente nada é uma arte, talvez até mesmo uma
ciência. Fazer nada é aprender a sofrer calado. Fazer nada é não largar seus
afazeres para discutir.
Já notou que quem faz nada vive sem tempo
para nada? Fazer nada pode significar uma boa
coisa. Fazer nada não é exatamente
fazer nada. Mesmo quando dormimos, a nossa mente trabalha. Muitas vezes,
só quando dormimos. Fazer nada é uma
posição filosófica. O sujeito olha o mundo e fica se perguntando o que
levou Deus a delegar a criação
para o anjo da sua confiança, Lúcifer?
Lúcifer foi o que conhecemos hoje pelo nome
de 'executivo'. Fazer nada é delegar,
o que contraria a máxima popular que diz: "Se queres bem feito, faz, não
delega" ou o famoso "Quem quer vai, quem não quer, manda". Deus
se poupou, delegou, descansou e nos ferrou.
Tenho feito muito nada
nestes últimos anos. Poderia lhes passar a minha extraordinária experiência.
Mas não seria justo. Demorou muito para eu aprender a fazer nada com sabedoria,
com fair-play, com orgulho. Cheguei a um nível de perfeição que nem morto eu faria nada tão bem –
sim, porque os mortos ainda alimentam os vermes, o que poderia ser considerado,
pelos mais radicais, uma espécie de trabalho. O maior e mais elevado pensamento
que alguém poderia ter fazendo nada seria passar a outras pessoas o seu
conhecimento. Mas aí poderia ser mal interpretado. Ensinar dá trabalho, palavra
que quem faz nada tão bem já eliminou do seu vocabulário.
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