quinta-feira, abril 26, 2012

A MORADA DO MAL


  O HÓSPEDE


                                                                 

   Ninguém é perfeito – isso todo mundo sabe e repete à exaustão. Buscar a perfeição é que é equivocado, pelo simples entendimento da primeira frase deste texto. Só a natureza é perfeita, porque suas ações e reações são mecânicas, isentas de qualquer raciocínio ou emoção.
   Nós, humanos, somos movidos por paixões que quase nunca correspondem às nossas reais necessidades; desejamos o que não está ao nosso alcance, acreditando que é o que nos falta para sermos felizes. É de Nietzsche, um dos maiores filósofos contemporâneos, a frase: “Diante do pouco prazer que basta à maioria dos homens para acharem a vida agradável, como lhes admiro a modéstia”. Dá até para ‘ouvir’ o tom irônico do autor. O julgamento benevolente que fazemos de nós mesmos e a severidade com que tratamos nossos semelhantes são a prova da nossa indigência moral. Você nunca sentiu uma pontinha de prazer com a infelicidade alheia?
   Sempre que alguém perde, alguém ganha. Isso é natural e faz parte do nosso cotidiano; mas nunca, nunca nos conformamos por estar do lado perdedor. Quando se trata de nós mesmos, o ‘justo’ é estarmos do lado vitorioso, sempre.
   Dentro de quase todos nós, existe uma serpente pronta para lançar algum veneno sobre quem nos incomoda. Surpreende vermos pessoas falando de amor com o coração carregado de ódio? Não devia. Quase nunca percebemos quando cometemos algum ato falho. O mal encontrou abrigo em nosso coração. Foi bem recebido e ficou por lá.

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