O HÓSPEDE
Ninguém é perfeito – isso todo mundo sabe e repete à exaustão.
Buscar a perfeição é que é equivocado, pelo simples entendimento da primeira
frase deste texto. Só a natureza é perfeita, porque suas ações e reações são
mecânicas, isentas de qualquer raciocínio ou emoção.
Nós, humanos, somos movidos por paixões que quase nunca
correspondem às nossas reais necessidades; desejamos o que não está ao nosso
alcance, acreditando que é o que nos falta para sermos felizes. É de Nietzsche,
um dos maiores filósofos contemporâneos, a frase: “Diante do pouco prazer que
basta à maioria dos homens para acharem a vida agradável, como lhes admiro a
modéstia”. Dá até para ‘ouvir’ o tom irônico do autor. O julgamento benevolente que fazemos de nós mesmos e a severidade com que
tratamos nossos semelhantes são a prova da nossa indigência moral. Você nunca sentiu uma pontinha de prazer com a infelicidade
alheia?
Sempre que alguém perde, alguém ganha. Isso é natural e
faz parte do nosso cotidiano; mas nunca, nunca nos conformamos por estar do
lado perdedor. Quando se trata de nós mesmos, o ‘justo’ é estarmos do lado
vitorioso, sempre.
Dentro de quase todos nós, existe uma serpente pronta para
lançar algum veneno sobre quem nos incomoda. Surpreende vermos pessoas falando de amor com o coração carregado de ódio? Não devia. Quase nunca percebemos
quando cometemos algum ato falho. O mal encontrou abrigo em nosso coração. Foi
bem recebido e ficou por lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário