A CASA DO DIABO
Mal nascemos e logo somos submetidos a várias lavagens cerebrais, que
nos remetem a crenças diversas. Céu e Inferno são duas lendas que ficam
agarradas no recôndito de nossas mentes, e é quase impossível extirpá-las.
Nesses casos, o melhor é salpicar os mitos com pequenas doses de realidade e
tentar viver com os pés no chão. Gostamos de personagens que marcam uma época.
Por isso, dividimos o tempo em Antes e Depois de Cristo (AC/DC). Não se pode
negar que essa medição religiosa facilitou a contagem. Já pensou se tivéssemos
que dizer que estamos no ano ‘treze bilhões e oitocentos milhões, setecentos e
vinte e nove mil quatrocentos e trinta e três’? Certamente teríamos que pensar
um pouco antes de dizer em que ano estamos.
Jesus 'aconteceu' e tudo no ocidente foi
simplificado. Logo fez seu primeiro milagre. Estamos no ano dois mil e onze. Para
os Budistas e os Judeus, nossa história começou alguns milhares de anos antes,
mas ainda com poucos dígitos. Bem, aprendemos que céu é um lugar bom, e inferno
um lugar ruim. Se, ao invés de nos guiarmos pela bíblia, a nossa orientação for
baseada no "Decamerão", uma espécie de bíblia mais realista e humana escrita por
Giovanni Bocaccio durante a idade média, leremos algo muito mais interessante e
plausível. Para o ‘Boca’ (desculpe a intimidade), o diabo é uma ‘parte’ de nós,
homens; quanto ao inferno, está localizado nas partes íntimas da mulher. Só
precisamos tomar o rumo certo e conduzir o diabo – que não enxerga no escurinho
– para a casa dele. Naquele tempo não havia GPS. Quando o clima esquenta muito
– afinal, todos sabem que a casa do ‘danado’ é quente – abrimos a torneira e
deixamos derramar um líquido cuja finalidade é baixar a temperatura ambiente.
Como nada é perfeito, não é só a temperatura que cai, mas tudo o mais em volta.
É quando ocorrem acidentes; o Diabo sempre desmaia, e custa um pouco a se
recuperar. Ele deve então sair de casa e ir tomar uma cervejinha gelada, pois
ninguém é de ferro. Isso não é mais coerente do que a história de Adão e Eva?
Para muitos, Bocaccio foi quem escreveu que ‘mandando o Diabo para o Inferno’,
o homem cresceria e se multiplicaria. Deu significado às palavras do messias.
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