EXEMPLO DE TRABALHO DURO
QUEM VOCÊ CONHECE QUE É CAPAZ DE PARIR TODOS OS DIAS DO ANO? E AINDA FAZ OVOS DE OURO?
A FAMÍLIA WORK
Ninguém sabe exatamente como funciona o
cérebro humano. Profissionais do ramo tentam, faz tempo, explicar o
inexplicável. Teria Deus esquecido – ao nos entregar para a cegonha – de anexar
um ‘manual
de instruções’? Acho que Ele pretendia nos manter ocupados, tentando descobrir
quem ou o que somos. Assim como as dietas, que existem às centenas e são
modificadas conforme a moda, a mente humana sofre uma enxurrada de explicações
sobre o que é certo ou errado, normal ou anormal. De tempos em tempos surge um
novo ‘guru’ – o primeiro grande foi Freud – que lança uma teoria sobre nossos
sentimentos e reações. É inútil. Está faltando o ‘manual’.
Para tentar – o homem é
insistente – resolver os problemas, os especialistas segmentaram a profissão;
alguns são analistas, outros só atendem famílias, ou adolescentes, ou casais em
crise, ou... Há um monte de galhos nessa árvore da psicologia. Já vi psicólogas
que praticam uma terapia curiosa: os relacionamentos entre sogras e noras. A
cada cinco anos, aproximadamente, surge uma teoria milagrosa. Quem não lembra a
“Inteligência Emocional”? Pois ela teve seus desdobramentos. O famoso teste de
QI, por exemplo, que pretendeu medir a capacidade de raciocínio das pessoas,
acaba de ser desbancado pelo QE – ‘E’ de emocional. Tirando fora os casos de
raciocínio matemático, até que o QE tem sua lógica. Mas essa ‘descoberta’ do
óbvio vai durar quanto? Apesar de não ser vidente, aposto que em breve teremos
novidades sobre o assunto.
Ops! Acaba se surgir a
IS (inteligência social), que é como nos comunicamos com outros membros do
clube dos “Quem Somos”. Se este texto demorar a ser publicado, não duvido que inventarão
outra(s) inteligência(s) - que pode ser a ‘alimentar’, a ‘sobrenatural’, a
‘sexual’, ou qualquer uma que sua mente instável e controversa imagine.
As relações do
indivíduo com o trabalho não escapam desse emaranhado infinito de situações
contraditórias. Como ser eficiente? Como ser promovido? Como ser quase
indispensável? Como ser um bom profissional? Aí aconteceu como com os
dentistas, que eram apenas ‘um’
para todos os males. Hoje, tem os ododontistas, ortodontistas, endodontistas, e
mais alguns que não conheço e nem sei pronunciar os nomes.
Vamos partir do momento
em que surgiram – surgiram? – os workaholics,
classificação dada aos que só pensam em trabalho, 24 horas por dia. Lembro de
que era um orgulho ser esse workaholic. Pois o cara foi ficando
fora de moda, e nossos competentes estudiosos do tema não tardaram para
‘descobrir’ os ‘worklovers’.
Fica, portanto, a partir de agora, decidido que o worklover é o melhor profissional que uma empresa pode ter. Esse
novo membro da família Work veio com prestígio, como é de praxe quando surge
uma novidade que parece ser a resposta às nossas preces. Veio bem explicadinho,
com manual e tudo: é o profissional que se dedica muito ao trabalho, leva
serviço para fazer nos fins de semana, em casa, e vai feliz para a empresa na
segunda-feira; trabalha em média 11 horas por dia, mas ama o que faz; e ainda encontra
tempo para ir ao cinema, a festas no meio da semana, brincar com os filhos,
acompanhar seus estudos, fazer ginástica, e ainda dedicar-se a um hobby tipo montanhismo, asa-delta,
essas coisinhas simples. Se duvidar, é capaz de fazer sexo umas 4 vezes por
mês. Lembra do Super-Homem? Pois é ele mesmo.
Nessa fase de novidade,
muitos tentam imitar o mais novo rebento da família Work, que passa a ser
paparicado, como todo filho caçula. O relógio dele é especial: marca 28 horas,
no lugar das 24 conhecidas e aceitas até agora. Mas, dizem os especialistas,
ele não é viciado em trabalho.
Até tira férias de 30 dias. Não é fantástico? Apenas não me convenci: porque,
na hora do lazer, o Worklover se gaba de conseguir esquecer totalmente que
existe trabalho? Como ele consegue isso, se ama tanto o que faz? Ainda seguindo
esse raciocínio, será que é bom esquecer totalmente o que tanto se ama? E
depois, essa palavra ‘esquecer’ soa aos meus ouvidos como ‘se livrar de’.
Não existe um controle
remoto capaz de desligar a nossa mente, por tanto tempo (um fim de semana
inteiro), de uma coisa tão importante para nós. Todos sabem que as melhores
idéias sobre a nossa atividade profissional surgem exatamente quando estamos
‘desligados’. Isso quer dizer que ‘NUNCA’ estamos totalmente desplugados do
trabalho, em especial quando mantemos com ele uma relação afetiva tão intensa.
Conclusão: os psicólogos teorizam, mas não se fazem compreender com clareza,
sobre o que é – e principalmente, como
ser um worklover. Daqui
a pouco vai nascer outro filho dos Work, que provavelmente se chamará
Workmerda. E todos os grandes executivos irão parar no banheiro.
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