terça-feira, abril 24, 2012

REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO




 EXEMPLO DE TRABALHO DURO

QUEM VOCÊ CONHECE QUE É CAPAZ DE PARIR TODOS OS DIAS DO ANO? E AINDA FAZ OVOS DE OURO?

  A FAMÍLIA WORK

   Ninguém sabe exatamente como funciona o cérebro humano. Profissionais do ramo tentam, faz tempo, explicar o inexplicável. Teria Deus esquecido – ao nos entregar para a cegonha – de anexar um manual de instruções’? Acho que Ele pretendia nos manter ocupados, tentando descobrir quem ou o que somos. Assim como as dietas, que existem às centenas e são modificadas conforme a moda, a mente humana sofre uma enxurrada de explicações sobre o que é certo ou errado, normal ou anormal. De tempos em tempos surge um novo ‘guru’ – o primeiro grande foi Freud – que lança uma teoria sobre nossos sentimentos e reações. É inútil. Está faltando o ‘manual’.
   Para tentar – o homem é insistente – resolver os problemas, os especialistas segmentaram a profissão; alguns são analistas, outros só atendem famílias, ou adolescentes, ou casais em crise, ou... Há um monte de galhos nessa árvore da psicologia. Já vi psicólogas que praticam uma terapia curiosa: os relacionamentos entre sogras e noras. A cada cinco anos, aproximadamente, surge uma teoria milagrosa. Quem não lembra a “Inteligência Emocional”? Pois ela teve seus desdobramentos. O famoso teste de QI, por exemplo, que pretendeu medir a capacidade de raciocínio das pessoas, acaba de ser desbancado pelo QE – ‘E’ de emocional. Tirando fora os casos de raciocínio matemático, até que o QE tem sua lógica. Mas essa ‘descoberta’ do óbvio vai durar quanto? Apesar de não ser vidente, aposto que em breve teremos novidades sobre o assunto.
   Ops! Acaba se surgir a IS (inteligência social), que é como nos comunicamos com outros membros do clube dos “Quem Somos”. Se este texto demorar a ser publicado, não duvido que inventarão outra(s) inteligência(s) - que pode ser a ‘alimentar’, a ‘sobrenatural’, a ‘sexual’, ou qualquer uma que sua mente instável e controversa imagine.
   As relações do indivíduo com o trabalho não escapam desse emaranhado infinito de situações contraditórias. Como ser eficiente? Como ser promovido? Como ser quase indispensável? Como ser um bom profissional? Aí aconteceu como com os dentistas, que eram apenas ‘um’ para todos os males. Hoje, tem os ododontistas, ortodontistas, endodontistas, e mais alguns que não conheço e nem sei pronunciar os nomes.
   Vamos partir do momento em que surgiram – surgiram? – os workaholics, classificação dada aos que só pensam em trabalho, 24 horas por dia. Lembro de que era um orgulho ser esse  workaholic. Pois o cara foi ficando fora de moda, e nossos competentes estudiosos do tema não tardaram para ‘descobrir’ os ‘worklovers’. Fica, portanto, a partir de agora, decidido que o worklover é o melhor profissional que uma empresa pode ter. Esse novo membro da família Work veio com prestígio, como é de praxe quando surge uma novidade que parece ser a resposta às nossas preces. Veio bem explicadinho, com manual e tudo: é o profissional que se dedica muito ao trabalho, leva serviço para fazer nos fins de semana, em casa, e vai feliz para a empresa na segunda-feira; trabalha em média 11 horas por dia, mas ama o que faz; e ainda encontra tempo para ir ao cinema, a festas no meio da semana, brincar com os filhos, acompanhar seus estudos, fazer ginástica, e ainda dedicar-se a um hobby tipo montanhismo, asa-delta, essas coisinhas simples. Se duvidar, é capaz de fazer sexo umas 4 vezes por mês. Lembra do Super-Homem? Pois é ele mesmo.
   Nessa fase de novidade, muitos tentam imitar o mais novo rebento da família Work, que passa a ser paparicado, como todo filho caçula. O relógio dele é especial: marca 28 horas, no lugar das 24 conhecidas e aceitas até agora. Mas, dizem os especialistas, ele não é viciado em trabalho. Até tira férias de 30 dias. Não é fantástico? Apenas não me convenci: porque, na hora do lazer, o Worklover se gaba de conseguir esquecer totalmente que existe trabalho? Como ele consegue isso, se ama tanto o que faz? Ainda seguindo esse raciocínio, será que é bom esquecer totalmente o que tanto se ama? E depois, essa palavra ‘esquecer’ soa aos meus ouvidos como ‘se livrar de’.
   Não existe um controle remoto capaz de desligar a nossa mente, por tanto tempo (um fim de semana inteiro), de uma coisa tão importante para nós. Todos sabem que as melhores idéias sobre a nossa atividade profissional surgem exatamente quando estamos ‘desligados’. Isso quer dizer que ‘NUNCA’ estamos totalmente desplugados do trabalho, em especial quando mantemos com ele uma relação afetiva tão intensa. Conclusão: os psicólogos teorizam, mas não se fazem compreender com clareza, sobre o que é – e principalmente, como ser um worklover. Daqui a pouco vai nascer outro filho dos Work, que provavelmente se chamará Workmerda. E todos os grandes executivos irão parar no banheiro.

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