NÃO CONFIE NOS ESCRITORES
A tecnologia é a principal causadora da crise
de confiança entre as pessoas. Mas ela também traz coisas boas, que facilitam a
nossa vida. Infelizmente não podemos escolher apenas as vantagens para que
possamos viver bem. Temos que ‘aceitar’ o pacote completo, que traz em seu bojo
um monte de desvantagens.
Uma observação interessante é a que divide
dois tipos de evolução: a filosófica e a tecnológica. Uma, sempre – em qualquer
época, anda mais depressa que a outra. E elas se alternam no poder, conforme
reconhecem que precisamos de um novo rumo.
Um fenômeno que está ocorrendo é o aumento
significativo do número de escritores na era do computador pessoal. Escritores,
bons ou ruins, são pensadores. Do mesmo modo que existem bons e maus médicos –
e estes últimos são maioria, logo haverá uma revolução, não apenas no modo de
pensar, mas na maneira de comunicar nossas ideias.
Autores medíocres dizem o que é pensamento da
maioria, e fazem sucesso exatamente por isso: o leitor ‘se encontra’ nos
textos. Vê, com satisfação, que há quem pense como ele. Mesmo que isso não leve
à nada. Um escritor é como a WEB, onde há coisas boas e nem tão; precisamos
separar o joio do trigo, coisa difícil.
O Capeta ainda não é um escritor formado. Não
alcancei o meu limite de competência. Posso evoluir. Pelo tempo que escrevo,
creio que em poucos anos estarei apto a escrever livros – pelo menos dois. Minha
dificuldade é que falo verdades que as pessoas insistem em não reconhecer como
tal. Mudar de pensamento é cansativo e dá trabalho.
Vou dar um exemplo. Quando digo que o ser
humano não presta, é mentiroso e falso, desonesto, é uma ideia difícil de ser
aceita. Mas eu já falei que há os que são menos maus, que consideramos como
bons. É a mesma coisa que afirmar que Deus não existe – isso contraria a
maioria. Vai demorar para que seja aceita essa forma de pensar. Talvez
milênios, mas caminhamos para nessa direção. O progresso é uma fatalidade
histórica. Em todos os sentidos.
Vou fazer uma previsão: vai chegar o tempo em
que Shakespeare será considerado um escritor medíocre, apenas razoável. Já há
muita gente que pensa assim, mas reluta em passar por ignorante. Nós vivemos
sob a ditadura do patrulhamento ideológico. É complicado contrariar os
“mestres” – figuras intocáveis.
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