COMO ESCAPAR DA ROTINA
Se o leitor tiver uma ideia ou sugestão,
escreva para o Capeta, para o endereço blogdocapeta@uol.com.br. Por tudo que já vivi e aprendi, só existe uma maneira de
evitar a rotina: não ter compromisso com nada, com ninguém – ou, traduzindo,
seja um vagabundo; falo no sentido do substantivo masculino de ser “desocupado,
ocioso, erradio, mundeiro”.
Taí um ‘estado’ difícil de alcançar. É que,
para isso, a pessoa não pode ter ‘rabo preso’ em nenhum sentido; o primeiro
mandamento é ‘não trabalhar’; o segundo, ser solteiro; o terceiro, de
preferência não ter filhos, mas, se os tiver, depois de uma certa idade não dê
a mínima para eles – que só pensam em si próprios. Não estou sendo amargo, pode
acreditar, apenas realista, que sabe como é a vida e nada me surpreende.
Há três tipos de vagabundo, dentro da
definição que apontei acima; um é o morador de rua; outro é o milionário que
não trabalha; o terceiro, da categoria a que pertenço, é o esperto – que não
possui bens e vive bem, apesar disso. Entenda por ‘viver bem’ o caso de pessoa
que está sempre contente e não deseja mudanças.
Claro que nada é perfeito. Alguns
aborrecimentos – que vou chamar de ‘pequenas contrariedades’ – são inevitáveis.
Afinal, mesmo que raramente, o cara tem que lidar com outras pessoas – sejam
estranhos ou conhecidos.
É aí que a coisa pega. Nas pequenas
situações. Se vai comprar algo em uma loja, o atendimento não é lá essas
coisas; se vai fazer uma consulta, a pessoa não entende o que você quer – ou
finge que não entende; no supermercado, após encarar uma enorme fila, chega
finalmente a sua vez e... dá um problema (pode ser falta de papel) na
registradora; se pega um táxi, o motorista geralmente é um imbecil que sempre
tenta passar-lhe a perna.
Algumas contrariedades ou problemas são
causados por nossa insistência em querer que nossos instintos sejam modificados
em nome da moral aceita. É o caso da fidelidade matrimonial; o ser humano não
foi programado para ser fiel – exceto quando há grandes interesses em jogo.
O
problema é que, por teimosia ou ignorância, queremos ser diferentes do que
somos. E nunca estamos conscientes de que, por um simples capricho do acaso,
descobrimos com surpresa que não somos os melhores: há sempre alguém melhor.
Principalmente em matéria de sexo. Não se iluda. Você nunca será bom o bastante
para ter ‘prazo de validade’ ilimitado. Seu dia vai chegar. É o momento de
considerar a traição como simples contrariedade.
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