A FELICIDADE NÃO SE COMPRA
Não se trata de uma frase de efeito. É muito
mais do que isso. O extraordinário filme de Frank Capra, de 1946, nos ensina
apenas uma pequena parte da realidade humana. Se pudéssemos comprar a
felicidade, todos os pobres seriam desgraçados e os ricos esbanjariam alegria. Mas
não é isso que ocorre. Infelizmente somos todos cheios de problemas, e é um
engano acreditar que o dinheiro os resolveria.
Imagine que seu grande amor está longe e você
não tem como pagar a passagem de avião para ir até lá; à primeira vista, é um
problema financeiro; agora imagine que você tem grana e compra a passagem – ao
chegar lá, não é o melhor momento, e acaba tudo. Entendeu? Espero que sim, pois
para explicar mais explicado eu teria que escrever um romance e não pretendo me
aventurar a tanto.
Tenho certeza que você, com certa folga
monetária, já se fez esta pergunta: “Como essa gente (os pobres) consegue viver
com tão pouco?”. Ser feliz, então, nem pensar. Não cabe essa possibilidade na
sua cabecinha de abastado abestado.
Um pobre que consegue comprar o seu primeiro
carro (o mais barato do mercado) aos 40 anos, sente uma alegria maior e mais
prolongada do que um milionário que compra uma Ferrari. Sonhar em ter uma
piscina em casa é bobagem; eu tenho uma razoavelmente grande e não entro nela
mais que uma ou duas vezes ao ano. Enjoei. No meu banheiro há uma banheira
enorme, sempre vazia. Gosto mesmo é de sentar num banquinho e ficar relaxando
debaixo do chuveiro com água morna.
Quando eu falo em pobre, não me refiro ao que
passa fome ou sequer pode comprar um remédio para curar uma doença incômoda. Esse
mesmo, acredite, tem seus momentos. Também não estou querendo dizer que não há
nada que eu deseje e não posso comprar, mas esse desejo nunca é maior do que vontade
de grávida: dá e passa – não faz falta.
O mais importante é que sou dono da minha
vida. Antigamente, eu gostava mesmo era de sair com mulheres bonitas. Era bom,
mas deixava um vazio bem grande. Nada se compara à felicidade que sinto de
estar aqui escrevendo para mim mesmo e depois para você. Eu sempre aprendo
quando escrevo, e aprender proporciona um prazer e tanto. Quando a mente cansa
de pensar, vejo tevê, leio um livro ou assisto um filme de sacanagem. Nada
disso custa muito.
Longe de mim querer que o leitor goste do que
eu gosto. Estou tentando dizer que há coisas à sua volta e ao seu alcance que
podem trazer alegrias impensáveis. Uma coisa, entretanto, eu garanto: ninguém
compra a felicidade.
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