Não, você não precisa ir ao oftalmologista. Sua vista está enxergando direitinho. Essa imagem ao lado é da Nossa Senhora da Morte, uma espécie de 'padroeira' dos mexicanos. Sua aparência de anoréxica é porque... Não sei explicar. Todavia, acredito que ela não seja contra o suicídio ou o aborto. E agora, Francisco?
OS BENEFÍCIOS DA MORTE
Seria maravilhoso se pudéssemos nos fingir de
mortos para ver tudo que seria dito e feito com nossa honra, nossos bens, e,
acima de tudo, com nossa dignidade. Tenho alguns palpites: mesmo que tenhamos
levado uma vida sem honra, esta seria automaticamente restaurada – aqui não se
fala mal dos mortos; nossos bens só seriam um problema se tivéssemos algum - e
mais de um herdeiro; quanto à nossa dignidade, aí “vareia”, como costuma dizer a
plebe ignara.
Fico impressionado como no Brasil (não acho
que isso ocorre apenas aqui) as pessoas recuperam a honra, particularmente em
dois casos: se o sujeito ficar rico, melhora bastante e, se ficar muito rico, ou
for bem-sucedido na carreira, suas qualidades – inclusive as que não possui –
serão exaltadas.
O segundo caso é quando o pilantra morre.
Falar mal de morto virou tabu. Todo morto torna-se ‘gente boa’, em especial se
for morto ilustre. Claro que falo das manifestações em público, porque à boca
pequena, entre os muito íntimos, o safado será sempre safado. Até mesmo quem
nunca cometeu indignidades – caso exista alguém assim, sofrerá acusações dos
que têm inveja, que são quase todos os que conviveram com o que se foi.
Não pense o leitor que estou exagerando. É
assim mesmo que a banda toca. Meu grande amigo Clarindo Benevides, um filósofo
que gosta de tomar uns goles a mais, costuma dizer que “todo morto parece ter
feito aquela cirurgia que restaura a virgindade”.
Por isso eu não entendo a razão para que as
pessoas prefiram viver - quanto mais, melhor. Morto, há sempre a possibilidade
do Papa Francisco decidir que o cara foi um santo. Agora ficou mais fácil, pois
não se exige mais os milagres que antes eram condição ‘sine qua non’ para a
santidade. A moda é julgar pelo ‘conjunto da obra’ – coisa que Hollywood já
pratica para corrigir injustiças.
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