sexta-feira, agosto 10, 2012

O SER HUMANO É O QUE É

Nossa indigência moral é a única explicação para ficarmos indiferentes à cenas como esta, em que uma mulher carrega nos braços o filho morto pela fome. Se isso realmente nos incomodasse, não permitiríamos que acontecesse.



ESTAMOS CONDENADOS

   Nós somos "instinto". A ciência mostra, a cada dia, que não somos o que pensamos – nem o que gostaríamos de ser. Estamos apenas começando a desvendar nosso DNA. Quando adultos, compreendemos coisas que antes era impossível. A minha descoberta juvenil foi que a moral era a combinação entre a geografia, o tempo, e as convicções pessoais de cada um. A geografia, porque o que é moral num país é amoral em outro. O tempo, pois o moralismo de 50 anos atrás é ridicularizado pelas pessoas. É como se alguém aparecesse numa festa, vestido com trajes da idade média. Convicções pessoais são 'tudo o que desejamos e aceitamos'. Nesse quesito, somos únicos. Há apenas semelhanças.
   Podemos ter convicções que não são aceitas pela maioria. Nesse caso, como nos comportamos? Fingimos, ora. Mas isso de fingir não significa que somos melhores ou piores. Fingimos ser uma coisa 'melhor' para nossa própria segurança e sobrevivência. Quem, honestamente falando, nunca teve vontade de matar? Quem nunca se regozijou com o infortúnio alheio? Quem nunca teve vontade de furtar? Parecer honestos é a maior desonestidade. Ser 'civilizados' facilita o sucesso. Então, vamos ser honestos e bem-educados, para que os outros assim nos percebam. O importante é ter e ser mais.

    Essa é a nossa verdadeira vontade interior, que insistimos em não reconhecer. Não podemos mostrar as ‘garras’, para não assustar os outros competidores. Isso não quer dizer que queremos o mal para todo mundo - apenas para quem pode ser um obstáculo para nossos projetos pessoais. Não fosse o medo de sermos descobertos, quantos 'crimes' (no mais abrangente sentido) cometeríamos ao longo de nossa curta existência? Inventamos as leis dos homens e de Deus. Inventamos um Deus conforme nossas conveniências e cultura - que assume características diversas, conforme a região onde foi inspirado. Basta pedir perdão, que Deus perdoa. Aí voltamos a cometer os mesmos pecados e tudo se repete. A consciência - que nada mais é do que a aceitação ou não da moral vigente - fica novinha em folha. Não podemos lutar contra nossos instintos. No máximo, exercemos sobre eles algum controle quanto à nossa forma de agir e reagir.


   A educação religiosa, tanto quanto a formal ou a familiar, serve para criar, dentro de nós, padrões de conduta que causam certo nível de desconforto quando não cumpridos. Todos os exércitos continuam matando, torturando e estuprando, sem o menor constrangimento. Nesses casos, soldados de ambos os lados justificam que Deus está do seu lado. As pessoas se inquietam quando os crimes são descobertos e provados. A grande motivação que nos empurra ladeira abaixo é aquela que nos faz sentir um desejo incontido de vencer – e propagar nossos genes. Esses moldam com maior nitidez nosso 'caráter principal'. Darwin descobriu que "você é uma máquina de sobrevivência dos seus genes, que o usam para se reproduzir".

   Sabe por que não existe uma civilização de pessoas 'boas'? Porque não existem pessoas apenas boas; o que muda de indivíduo para indivíduo é a forma de agir. Alguns tentam alcançar seu ‘propósito' usando de violência, enquanto outros se valem da diplomacia.

Você não é dono absoluto da sua vontade.
Você está condenado a ser você.

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