Óia só o 'bocão' do Roberto Carlos. Ele sempre fica assim, grandão, quando 'emplaca' uma nova afilhada nos meios musicais. Mesmo que o sucesso seja maior que o merecimento. Não parece um jacaré? Convenhamos que o "Rei" tem bom gosto. E apetite.
PADRINHOS
Não sei quem inventou
essa história de padrinho. Em geral, raras as pessoas que não têm ou não são
padrinhos – que pode ser de alguém ou de algo. Dizem os estudiosos dos costumes
que o padrinho substitui o pai – na falta deste. Não sei não. Tenho visto
alguns exemplos de padrinhos que atuam de forma diferente do esperado. Muitos
padrinhos realmente substituem o pai, mas na cama da mãe.
Quando criança, pensava
nos padrinhos como pessoas que traziam presentes no meu aniversário, no dia da
criança e no natal. Era ótimo. Nesse tempo, questionava apenas o fato de ter
apenas um padrinho e uma madrinha. Se fossem dez, seriam dez presentes... Mas a
infância não dura muito, e a continuação das ‘atividades’ de um padrinho vai
perdendo força com o passar do tempo. Também acontece das relações dos
padrinhos com nossos pais ficarem estremecidas por algum motivo que ignoramos;
é quando os presentes cessam e sentimos que ficamos no prejuízo; os mimos que
julgávamos um direito ‘constitucional’ nosso receber, simplesmente param de
chegar.
Os tempos mudaram, é
verdade. Os padrinhos também, infelizmente. De quem seria a culpa da ameaça de
extinção dos padrinhos? Mais uma vez foi o Clarindo Benevides que apresentou
outra das suas teorias ‘malucas’ – cheias de coerência e verdades sobre as
quais nunca paramos para pensar. Segundo meu brilhante amigo, tudo começou
quando o processo de escolha dos ‘pais substitutos’ foi sofrendo alterações nos
critérios. Aos poucos, a amizade entre duas famílias foi sendo substituída
pelas vantagens que nossos pais poderiam usufruir. Ser escolhido para ser
padrinho de alguém deixou de ser uma honra para se tornar uma saia justa.
Algumas vezes, amigos
se insinuam para ocupar o ‘cargo’, quando os pais do bebê que nasceu são, de
alguma forma, mais ricos e poderosos que eles – que querem pensar que sempre
poderão contar com o apoio dos compadres. Em geral, essa insinuação nem sempre
sutil é causadora de outra saia ainda mais justa. No início deste parágrafo eu
falei em ‘cargo’, você notou? Não foi engano de minha parte; ser padrinho,
afilhado ou compadre de alguém pode facilitar o crescimento dos negócios, e até
mesmo ser a semente de uma promissora carreira política. Há casos, inclusive,
que os padrinhos criam vínculos tão fortes que tratam a comadre como sua
própria mulher – literalmente.
Esqueci de perguntar ao
Clarindo como isso vai acabar. Ou se vai acabar. Ou apenas evoluir para
acompanhar o modernismo – já que nem as famílias de hoje se parecem com as de
antigamente, mesmo com as de antigamente mais recentes. Lembrei de suas últimas
palavras sobre o assunto: “Padrinho se tornou tão importante atualmente, e até
substituiu o significado de ‘QI’, que de Quociente de Inteligência passou a ser
a sigla da expressão ‘Quem Indicou’, muito usada na política e no preenchimento
de cargos públicos importantes. Como diz o ditado popular, ‘Quem tem padrinho,
não morre pagão’. Às vezes... Não se fazem mais padrinhos como antigamente.
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